As práticas de ESG, sigla que em inglês significa Environmental, Social e Governance (Ambiental, Social e Governança, em português), estão cada vez mais em evidência no mundo corporativo, mas há muita confusão com relação à aplicação desses preceitos.
Na maioria das empresas, algumas ações são executas com esse foco, mas é preciso que se entenda que isso não basta. A responsabilidade social, a transparência na gestão e o desenvolvimento sustentável, componentes importantes em ESG, devem fazer parte da cultura organizacional, estar presentes em todos os setores, do RH ao Marketing, passando por Compras, Finanças, Comunicação e Direção. Devem estar no DNA.
Todas as atividades executadas precisam levar em conta as premissas que norteiam o conceito de ESG. Ou seja, o importante não é apenas gerar receita, mas promover o bem-estar das pessoas e reduzir os riscos ao meio ambiente – não poluir, ser eficiente no uso dos recursos e socialmente inclusiva. As empresas do futuro, aquelas que colocam em prática hoje o que lá na frente sabem que serão fundamentais para a sua sobrevivência, têm apostado nessa linha para se manterem competitivas.
Relatório coordenado pelo l’Institut de l’Entreprise, la Fondation Nationale pour l’Enseignement de la Gestion des Entreprises (FNEGE) e pela PwC France, intitulado “l’entreprise full RSE, de la prospective à la pratique, la vision des professionnels”, preconiza como empresa do futuro as organizações que elaboram suas estratégias na criação de valor para a sociedade e que se preocupam com a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável global – e não apenas local.
As empresas que seguem essa dinâmica, ao contrário do que muita gente pensa, têm se sobressaído como as mais rentáveis no longo prazo. É o que aponta o estudo “Empresas Humanizadas do Brasil”, realizado pela startup Humanizadas, em parceria com o Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB). Publicado em 2021, o estudo mapeou as principais empresas do país, em um período de 20 anos, entre 2000 e 2019. A conclusão a que se chegou é que a rentabilidade das organizações mais éticas foi três vezes e meio superior à média das 500 maiores empresas do país.
O levantamento foi feito com base em mais de 36 mil entrevistas, em um universo de 3,8 mil empresas, 226 instituições, 7,7 milhões de clientes e 380 mil consumidores. Foram analisados resultados financeiros, processos e práticas corporativas, incluindo indicadores como satisfação dos clientes e colaboradores e taxa de resposta às reclamações recebidas.
As boas práticas, portanto, geram lucros, e são fundamentais no cenário atual, com cidadãos que começam a perceber a relevância de gestos efetivos para o bem-estar de todos no planeta. E quanto maior o nível de acesso à educação, a tendência é aumentar as exigências nesse sentido, porque a conscientização também será teoricamente maior.
Para os que quiserem ingressar nesse caminho e não ficar pra trás com relação aos concorrentes, saiba que as mudanças necessárias para a sustentabilidade, sejam elas de cunho pessoal ou empresarial, passam pela eliminação do desperdício, com administração eficiente dos recursos – em todos os níveis (e aqui entra água e energia elétrica também); redução da dependência de combustíveis fósseis e tratamento adequado dos poluentes, contribuindo para a diminuição de gases de efeito estufa na atmosfera; e gestão de resíduos, privilegiando os recicláveis.
Os benefícios da sustentabilidade para as empresas são inúmeros e, como já explicitado aqui, se traduzem em organizações mais rentáveis, porque passam a melhor gerir os recursos disponíveis, reduzindo custos com desperdícios e com excessos e otimizando os processos.
De forma adicional e não menos importante, ganham a simpatia do consumidor, da sociedade, construindo uma boa imagem perante a opinião pública, além de se posicionarem de forma diferenciada e com vantagem competitiva no mercado, atraindo investimentos e parcerias e ajudando a melhorar a qualidade de vida da população.
Os desafios ainda são muitos para termos um ambiente predominante sustentável, nas empresas brasileiras e em todo o mundo. Mas é preciso começar e que seja de forma efetiva, não apenas no discurso, mas como parte da cultura organizacional.
Os impactos ambientais e sociais das atividades empresariais precisam ser mitigados e tratados com transparência. O futuro depende da nossa visão e desse novo comportamento que o mercado requer.