“É quase US$ 1,5 bilhão a cada ano para serem gerenciados na direção do combate aos lastimáveis IDHs do Amazonas .
Com isso, aliançados pelo compromisso coletivo, podemos gerir os recursos públicos com mais eficiência, transparência e visão de futuro, incentivando investimentos em áreas estratégicas, como inteligência artificial e biotecnologia voltada para a saúde, fios da meada Amazônia.”
Há 10 anos, pensando num futuro próximo, o governo da Coreia investiu US$ 2 bilhões para novas áreas prioritárias da economia como inteligência artificial, realidade virtual e biotecnologia voltada para medicina. Não havia notícias de nova pandemia, mas a Ásia, todos sabem, tem sido foco de múltiplas cepas viróticas desconhecidas pela Ciência. Apenas a preocupação com emprego e muitos boatos de sua crescente redução. Na Amazônia, poucas atividades geram emprego formal e emitem nota fiscal eletrônica. A Zona Franca de Manaus é a maior e mais substantiva exceção. Por isso, e apesar de mantida sua segurança jurídica na iminente Reforma Fiscal, a experiência nos mostra que todo o cuidado é pouco quando se data de resguardo de qualquer base econômica. Diversificar sempre, substituir jamais.
Crescimento vegetativo
O desafio, pois, é mapear os novos cenários possíveis que possam ofertar vagas de emprego coerentes com o crescimento vegetativo da região, ou seja, a diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade de determinado local ou país geralmente expressa em percentuais. Nos últimos 20 anos, o crescimento vegetativo na Amazônia Ocidental foi exponencial enquanto o crescimento de vagas de trabalho mante-se praticamente estável. Ponderando o período da pandemia e da recessão do governo Dilma, os postos de trabalho caíram a patamares preocupantes.
Indústria e serviços
O desafio, portanto, é a diversificação criativa das oportunidades, por exemplo, focando no manejo sustentável dos recursos florestais e minerais da região, considerando que a robótica e a cibernética, empurrados pelos avanços alucinantes da Inteligência Artificial, estão impondo uma tendência da civilização em direção ao ideal grego do ócio. Isso alivia mas não resolve, mesmo com a ajuda do home office e da redução da carga de trabalho. O fato real a que as novas gerações assistem é um fenômeno preocupante: a indústria de transformação diminui e a de serviços prospera em movimentos inquietantes.
Falência civilizatória
A boa notícia é que ainda há na Amazônia um potencial para explorar a economia criativa, desenvolver a biotecnologia, a tecnologia da informação e da comunicação, bem como buscar novos fármacos, dermocosméticos e a indústria nutracêutica, aproveitando a biodiversidade da região. A nota emergencial entretanto, é que as atividades marginais e predatórias crescem vertiginosamente. Desmatamento, grilagem, narcotráfico e garimpo ilegal ditaram alguns resultados eleitorais exatamente por isso. Essas atividades, por sua vez, além de matarem a galinha ambiental dos ovos de ouro decretam a falência civilizatória de qualquer país.
Emprego, renda e proteção florestal
Para alcançar novos objetivos neste desafio da empregabilidade formal, é essencial envolver o setor privado, setores da classe política, a universidade, instituições de fomento, pesquisa e inovação e a sensibilidade comprometida dos gestores públicos em um grande projeto. Em qualquer cenário, é de fundamental importância que as entidades de classe do setor produtivo ponham em pauta o debate dos repasses para os diversos objetivos de interiorização do desenvolvimento e fomento à novas modulações econômicas, para geração de emprego, renda e proteção florestal.
Tudo dentro da Lei
Aliás, os diversos repasses privados para os cofres públicos, destinados ao tecido social, são amparados por admiráveis peças normativas, onde se destaca a presença dos membros não-governamentais, como atores do processo gerencial que norteiam a aplicação de tais recursos. É quase US$ 1,5 bilhão a cada ano para serem gerenciados na direção do combate aos lastimáveis IDHs do Amazonas. Assim, todos aliançados pelo compromisso coletivo, podemos gerir os recursos públicos com transparência, responsabilidade e visão de futuro, incentivando o investimento em áreas estratégicas, como inteligência artificial e biotecnologia voltada para a saúde, fios da meada Amazônia. Tudo dentro da Lei.
Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM, vice-presidente da FIEAM e diretor da CNI