Esta afirmação é mais do que uma metáfora de unidade — é um chamado histórico, uma convocação cívica e produtiva para os que acreditam na Amazônia como espaço de trabalho, de inovação e de futuro.
Hoje, quando o Brasil e o mundo buscam novos caminhos para a transição energética, a sustentabilidade e a reindustrialização, a Zona Franca de Manaus emerge como ativo estratégico e como referência de economia legal, verde e inovadora. O Polo Industrial de Manaus é bem mais do que um arranjo produtivo: é a espinha dorsal de empregos, tributos e oportunidades que sustentam milhões de famílias.
Lições da pandemia: a força de reagir
Foi há pouco tempo. Quando os fornecedores asiáticos interromperam o envio de insumos e equipamentos de enfrentamento à COVID-19, foi a indústria manauara que respondeu ao chamado. Passamos a produzir EPIs de toda ordem, respiradores complementares, produtos de limpeza, máscaras e itens de prevenção. Mais uma vez, provamos que aqui não se fabricam apenas bens de consumo, mas soluções para resguardar a vida e a economia.
Amazônia é centro estratégico
Essa capacidade de reação é a prova viva de que a Amazônia não é periferia: é centro estratégico de segurança nacional, de soberania e de inovação. Quem sabe de nossas habilidades é exatamente que vive o chão de fábrica conectando o chão da floresta em pé.
Um polo de tecnologia e conhecimento
Manaus ocupa hoje o topo do ranking nacional de intensidade tecnológica. Dispõe de instituições de ensino e pesquisa de alto nível, capazes de transformar os bioativos da floresta em soluções de toda ordem:
• Saúde: novos medicamentos, vacinas e fitoterápicos;
• Segurança alimentar: proteínas, suplementos e alimentos funcionais;
• Dermo cosmética: produtos com identidade amazônica e valor agregado global.
Cada vez mais, ciência e indústria caminham juntas, abrindo espaço para cadeias produtivas sofisticadas, sustentáveis e internacionalmente competitivas.
Indicadores que falam por si
Os números recentes do Conselho de Desenvolvimento do Amazonas (CODAM) e do Conselho de Administração da Suframa confirmam a força desse modelo. Em 2024, o Polo Industrial de Manaus faturou mais de R$ 204 bilhões, com crescimento acima da média nacional, mesmo em cenário adverso. São cerca de 500 indústrias instaladas, gerando diretamente mais de 132 mil empregos formais e sustentando, com sua arrecadação, mais de meio milhão de postos indiretos.
Só em tributos federais, estaduais e municipais, a Zona Franca devolveu ao país e ao Amazonas mais de R$ 20 bilhões em impostos no último ano, sem contar os aportes obrigatórios em Pesquisa & Desenvolvimento, que somam bilhões investidos na formação de talentos, na inovação tecnológica e no fortalecimento da bioeconomia amazônica.
Cadeias globais de valor
Além disso, as exportações do Polo ultrapassaram US$ 5 bilhões, levando para o mundo a marca da indústria amazônica e inserindo Manaus em cadeias globais de valor.
Esses números não são meras estatísticas: são vidas transformadas, oportunidades abertas e um projeto coletivo que resiste e prospera.
Convocação aos talentos amazônidas
Este é um chamado a todos que carregam no coração o DNA empreendedor da Amazônia. O momento exige habilidades, disposição e ousadia para enxergar o que está diante de nós: um campo fértil de oportunidades.
Não há tempo para neutralidade ou hesitação. Quem não compreender que o Amazonas precisa da Zona Franca — e que a Zona Franca só existe em função do Amazonas e de sua gente — está, de fato, nadando contra a maré.
A cada geração cabe a responsabilidade de renovar a chama dessa missão. Hoje, é a nossa vez de transformar a força da floresta, da indústria e da ciência em prosperidade compartilhada.
A celebração da história e do futuro
A melhor forma de celebrar nossa história e projetar o futuro é exaltar este modelo de desenvolvimento baseado na sustentabilidade ambiental e fiscal, que se converte em prosperidade geral.
No próximo 5 de setembro, o Amazonas completa 175 anos de autonomia política, administrativa e financeira — no mesmo dia em que o Brasil e o mundo celebram o Dia da Amazônia. Que essa coincidência simbólica nos inspire a reafirmar nossa identidade, defender nosso patrimônio e renovar nosso compromisso com o progresso coletivo.
Nelson é economista, empresário e presidente do SIMMMEM, Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e da CNI e vice-presidente da FIEAM