“Muito obrigado, ilustre amazônida e brasileiro Josué Cláudio de Souza, sua descendência, Josué Filho, Maria da Fé, Josué Neto e respectivos colaboradores, Valdir Corrêa, Paulo Guerra e companhia, muitas histórias em 75 anos dos exímios construtores da cidadania e da alegria na Amazônia.”
Por Nelson Azevedo (*) nelson.azevedo@fieam.org.br
A história e evolução da Rádio Difusora do Amazonas descrevem um panorama fascinante da mídia e da cultura no Amazônia e no Brasil, com ganhos e avanços civilizatórios muito especificamente no estado do Amazonas. Fundada em 24 de novembro de 1948, a Rádio Difusora do Amazonas, inicialmente chamada Rádio Rio Negro Ltda, foi estabelecida por Josué Cláudio de Souza, uma figura emblemática na história de Manaus, um político atuante e uma referência de dignidade e decência em seu tempo e ao longo de sua herança familiar no cotidiano urbano, social, cultural, econômico e político.
Patrimônio natural e imaterial
A transformação de uma emissora local para uma estação de rádio reconhecida nacionalmente reflete a evolução qualitativa e cívica, através da Difusora, dos meios de comunicação no Brasil, às mudanças tecnológicas e sociais na Amazônia. A emissora não é apenas a mais antiga do Amazonas, mas também a única emissora da Amazônia a ser declarada Patrimônio Cultural Imaterial pela Assembleia Legislativa do Amazonas em 2016. Isso ilustra seu papel fundamental na preservação e disseminação da cultura local e regional.
Preferência dos ouvintes
Inicialmente operando nas Ondas Tropicais em 4805 kHz, a Rádio Difusora expandiu sua operação para incluir frequências FM e AM. Essa expansão é significativa, pois permitiu que a estação alcançasse uma audiência mais ampla, estendendo seu impacto cultural e informativo. A introdução da frequência FM 93.7 MHz em 2017 marca um importante passo na modernização da emissora. Essa migração do AM para o FM reflete uma tendência global de atualização dos meios de comunicação para se adaptar às novas preferências dos ouvintes e às tecnologias emergentes.
Interação sadia e colaborativa
A Rádio Difusora do Amazonas desempenha, com brilho e glamour, um papel vital na comunicação e na unificação que propicia a interação sadia e colaborativa, de comunidades diversas, especialmente em áreas rurais e ribeirinhas. Seu alcance em cidades ribeirinhas e áreas rurais, ilustra sua importância na vida diária dessas comunidades, o acesso ao conhecimento educacional e cultural ao mesmo tempo vital e libertador.
Testemunha viva da memória
A identidade sonora da Rádio Difusora, suas sonorizações criativas, habilidade em se comunicar com tiras as gerações com seu slogan característico, tornou-se um elemento familiar para os ouvintes, reforçando o papel da rádio como um marco na identidade cultural de Manaus e do Amazonas. Mais do que isso, ela é um testemunho vivo da memória e história cultural e social do Amazonas. Sua evolução ao longo dos anos reflete as mudanças na indústria de mídia e o papel vital da rádio na preservação da identidade cultural e no fortalecimento das comunidades.
A Crônica do Dia
Desde sua fundação em 1948 – quando o Amazonas saiu da II Guerra Mundial empobrecido e sem clareza da base econômica que iria lhe dar suporte socioeconômico – a emissora cumpriu um papel muito importante na busca de saídas, na criação de soluções. Sua presença estava associada ao debate propiciado pela Crônica do Dia, levada a efeito por seu fundador. E isso incluía integração social, cultural e econômica tanto na capital como no interior do estado. Isso transcende a simples comunicação, tornando-se um veículo essencial para a integração social, cultural e econômica entre a capital e o interior do estado. Ao transmitir diariamente em dois horários os lendários Avisos, isto é, mensagens equivalentes aos telegramas focados, com o toque humanizado de seus locutores.
Estímulo ao diálogo
Ao abordar o apogeu e a decadência econômica no pós-guerra, refletindo os ciclos da economia da borracha, a Rádio Difusora, particularmente, desempenhou um papel vital ao permitir o acesso à modernidade e transmitir as complexas realidades dessas mudanças. Seus conteúdos fizeram história e foram agentes de transmissão, debate e, por vezes, esclarecimentos das narrativas regionais, algumas vezes foçadas em crenças atrasadas e distorcidas da realidade. Essa contribuição foi fundamental na exposição e debates de valores, verdades, novidades e modismos, moldando a identidade cultural e estimulando o diálogo sobre os desafios econômicos e políticos na transformação dos níveis de pobreza em padrões efetivos de cidadania.
Surge a Zona Franca de Manaus
No bojo desse debate, surge Zona Franca de Manaus. Este programa de desenvolvimento regional tinha como objetivo integrar a Amazônia ao restante do país, protegendo-a da cobiça estrangeira, da biopirataria e de interesses disfarçados que historicamente exploraram o patrimônio natural e econômico da região em detrimento do prejuízo e alienação do tecido social. Seu surgimento, mesmo aprovada nos anos 50, pela homologação no governo JK, foi implantado em 1967, e marcou uma fase decisiva na história regional, buscando garantir a preservação e o uso responsável dos recursos amazônicos, ao mesmo tempo em que buscava integrar a região ao contexto nacional.
Gratidão e reconhecimento
Ao longo dos últimos 57 anos, o programa Zona Franca de Manaus teve impactos significativos no comércio, na agricultura e na indústria e com robustos resultados na economia da região. Na esfera industrial, a Zona Franca contribuiu para a atração de empresas, oferecendo incentivos fiscais e condições favoráveis para a instalação de indústrias na área. Isso resultou em um crescimento expressivo do setor industrial, com a produção de bens de consumo variados. Em todos estes momentos, até os nossos dias, tudo de relevante, e que tem reflexos na vida de seus ouvintes, se transforma em pauta, programação e compromisso civilizatório da Rádio Difusora do Amazonas. Muito obrigado, ilustre amazônida e brasileiro Josué Cláudio de Souza, sua descendência, Josué Filho, Maria da Fé, Josué Neto e respectivos colaboradores, Valdir Corrêa, Paulo Guerra e companhia, muitas histórias em 75 anos dos exímios construtores da cidadania e da alegria na Amazônia.
(*) Nelson é economista, empresário e presidente do Sindicato da Indústria Metalúrgica, Metalomecânica e de Materiais Elétricos de Manaus, conselheiro do CIEAM e vice-presidente da FIEAM