“Neste chão amazônico foi moldado meu ministério presbiteral, este povo me formou”, e lembrou dos “os ministros, a riqueza extraordinária dos cristãos leigos e leigas, as religiosas verdadeiras educadoras e guardiãs para que o ministério por mim exercido não desaguasse em anomalias do clericalismo. Sempre que estivemos todos juntos, nas assembleias, nas solenidades, nas procissões, na Festa de Pentecostes (…) A riqueza do povo de Deus ali reunido, eu podia convocar convencido da alegria da comunhão: Canta, canta, canta bonito, povo de Deus” (Dom Zenildo Lima no agradecimento após a ordenação episcopal)
Com a imposição das mãos e a invocação do Espírito Santo, o bispo recebe com os outros bispos a missão de anunciar-ensinar, de bendizer-santificar e de cuidar-governar. Recebe o dom e a“missão de ensinar a todos e pregar o Evangelho a toda a criatura (LG 24), pois os bispos são os pregoeiros da Boa Nova que despertam novos discípulos a Cristo” (LG 25). “Ai de mim, se eu não anunciar o evangelho!” (1Cor 9,16). Durante a Oração de Consagração, o Evangeliário permaneceu aberto sobre o novo bispo, pois ele foi consagrado pela Palavra e é consagrado à Palavra. A Palavra é sua casa, sua habitação, proteção, iluminação. Ele é o primeiro anunciador do Cristo, como coração do Evangelho, por meio da palavra e do testemunho.
Pela invocação do Espírito Santo, pela imposição das mãos, ele recebe o ministério da santificação. O bispo é o orante e o mestre da oração que intercede pelos irmãos e irmãs, e junto com o povo, implora e dá graças ao Senhor. Dirigindo a oração pelo seu povo e com o povo, presidindo os sacramentos, ele é o santificador, especialmente, pela “Eucaristia que ele mesmo oferece ou providencia para que seja oferecida, e pela qual vive e cresce a Igreja” (SC 10).
O bispo recebe a graça de servir, de cuidar-governar, pois segundo a vida e a palavra de Jesus quem é maior seja o menor, e o que preside quem serve (Homilia, Rito da Ordenação Episcopal). Ele cuida e vela como um pai, uma mãe, que cuidam e velam a sua família.
Jesus na palavra proclamada, lembra a Pedro: “quando eras jovem, tu mesmo amarravas teu cinto e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te amarrará pela cintura e te levará para onde não queres ir”(Jo 21,17). O bispo não se pertence. No episcopado nos tornamos anciãos-servidores, levantamos as mãos e deixamos que outros nos cinjam. Já não vamos para onde conduzem nossos interesses, sonhos, projetos pessoais. Vamos para onde nos conduz a mão da Palavra de Deus, a missão, a necessidade da igreja particular, a preocupação e a dedicação para com os pobres e despojados de dignidade. São as comunidades, os pobres a nos guiar e revestir. Estendemos as nossas mãos para que nosso viver, servir, pregar e cuidar, seja cingido por Aquele que derramou a vida por todos!
Acompanhemos com nossa prece, com a ânimo do Evangelho vida e missão de Dom Zenildo Lima. Ele escolheu como lema episcopal: “Tu sabes que te amo”, inspirado nas palavras de São Pedro Apóstolo. Participemos de seu munus apostólico servindo os pequenos e necessitados para que ele possa ser o servo de toda a criatura e anunciador do “Tu me amas”.