O momento que vivemos exige mais do que nunca uma convergência de propósitos, talentos e maturidade institucional. A polarização política — tão desgastante quanto improdutiva — precisa ser posta de lado diante dos desafios que nos convocam. É tempo de responsabilidade e sabedoria.
O interesse nacional
A leitura atenta da realidade e os critérios de decisão devem ser referenciados pelo que há de mais sagrado na missão pública: o interesse nacional. Esse interesse se materializa na segurança econômica da sociedade, no respeito às instituições e na sustentação jurídica do setor produtivo — que garante abastecimento, empregos e estabilidade.
Polarizar ou fulanizar é insensato
Não é hora de confrontos ou improvisos. Os interesses particulares devem estar submetidos, sempre, ao bem estar da sociedade. É hora de clareza, estratégia e escuta. E é nesse contexto que uma boa notícia merece ser interpretada como símbolo de algo maior.
Adensamento e reindustrialização
Nesta quinta-feira (24), durante o programa, nos. microfones ”, da *EBC, o ministro das Comunicações, Frederico Siqueira, anunciou que o governo federal vai concentrar na Zona Franca de Manaus a produção de equipamentos para redes 5G e novas tecnologias de TV. O que isso significa num momento de tanta tensão e mobilização?
Soberania e tecnologia
À primeira vista, poderia parecer uma medida rotineira. Mas não é. O gesto carrega uma decisão estratégica e um reconhecimento implícito: a Zona Franca de Manaus é um dos mais eficazes instrumentos de industrialização, inclusão produtiva e soberania tecnológica do Brasil.
Redução de custos e reconhecimento
Segundo o ministro, a produção local reduz custos para o mercado interno e fortalece a indústria nacional. É exatamente disso que o país precisa — especialmente quando ameaças tarifárias externas ressurgem em meio a novas guerras comerciais.
Plataforma geopolítica
Mais do que um polo de incentivos, Manaus representa uma plataforma geopolítica para o futuro da indústria brasileira. A maioria dos aparelhos 5G e televisores vendidos hoje no Brasil é importada da China, Coreia do Sul e Estados Unidos.
Política pública de inclusão
Fabricar esses equipamentos no país — e, sobretudo, na Amazônia — permite não apenas cortar tarifas e custos logísticos, mas principalmente ampliar a nossa soberania tecnológica e garantir que a conectividade seja uma política pública de inclusão social, e não apenas de mercado.
Geração de empregos e riqueza
Além disso, o anúncio vem em um momento particularmente simbólico. A Zona Franca tem batido recordes em geração de empregos, arrecadação e indução econômica, mesmo sob os efeitos de eventos extremos como as grandes vazantes.
E a hora é agora.
A SUFRAMA, a propósito, nunca teve uma interlocução tão transparente e colaborativa com o setor produtivo, voltada à expansão, diversificação e interiorização do desenvolvimento regional.
O que está em jogo não é apenas a fabricação de antenas ou televisores.
O que mais importa
Em termos de interesse nacional, é preciosa a afirmação de um modelo que funciona, que respeita o bioma, que integra ciência e indústria, que financia universidades e institutos de pesquisa, que gera empregos legais onde antes só havia informalidade ou abandono.
Que essa decisão se consolide como política de Estado. E que sirva de referência para novas ações em áreas como microeletrônica, saúde, defesa, conectividade e economia verde. E mais: chegou a hora, também, de priorizar a infraestrutura logística de transportes para, em vez de perder o bonde da história, construir ferrovias, hidrovias e recuperar nossas rodovias.
A construção do protagonismo
A Amazônia pode — e deve — ser protagonista da reindustrialização do Brasil. Mas isso só será possível com união, visão de futuro e compromisso com o interesse coletivo, com a sacralidade do bem comum.
Nelson economista, empresário, presidente do Sindicato da Indústria metalúrgica, metalmecânica e de materiais elétricos de Manaus – SIMMMEM, conselheiro da CNI, do CIEAM e vice-presidente da FIEAM.