A Itália é um dos maiores produtores de vinhos do mundo, uma cultura que vai muito além da indústria vitivinícola, do comércio e da exportação.
Nenhuma cultura é tão definida por seus vinhos como no país da “Bota”, sendo o local escolhido para iniciarmos nossas viagens enoculturais.
Ali, vinho é comida… vinho e pão são tão essenciais para um jantar italiano quanto, para nós, o garfo e a faca.
As origens do Vinho na Itália
A origem do vinho na Itália confunde-se com a própria história do país, onde por volta de 1.000 anos a.C., as vinhas foram introduzidas pelos fenícios e gregos no sul do país.
A medida que as cidades-estados gregas começavam a crescer e colonizar novas terras ao longo do Mediterrâneo, a cultura do vinho viajava junto com seus exércitos.
A Sicília e o sul da Itália, formaram algumas das primeiras colônias, sendo chamada pelos colonizadores de ENOTRIA que significa “terra do Vinho”.
Se tornando um importante produto de comércio, começou a ser difundido para o resto do país rapidamente.
Os romanos aderiram à cultura de produção de vinho como sendo própria, tendo até mesmo o seu próprio Deus do vinho, Baco.
No início, se basearam na forma de cultivo e manejo dos gregos, porém começaram a formalizar seus métodos de cultivos e logo seus produtos começaram a ser altamente reconhecidos e ter safras famosas (121 a.C. é a mais conhecida).
Além dessa alta qualidade, a expansão do Império Romano foi fundamental para a disseminação do cultivo de vinhas, tornando-se disseminadores, como assim foram os gregos, introduzindo videiras na França, Espanha, Portugal e Alemanha, por exemplo, tornando-se a principal bebida do Velho Continente.
Quando falamos de vinho do Império Romano, não devemos confundi-lo com o vinho moderno. O vinho da época romana constituiu-se muito diferente do nosso típico Chianti ou Barolo, sendo frequentemente misturado com água para diminuir o teor alcoólico incrivelmente alto do vinho.
E, como o paladar romano preferia vinhos doces, muitas vezes, bebiam os vinhos brancos doces de uma região premiada, Falernian, que fica perto de Nápoles.
Romanos utilizaram processos de vinificação para a melhoria do vinho
Os romanos podem ter tido algumas ideias estranhas quando se tratava de servir seu vinho, mas eles merecem crédito por melhorar muitos dos processos de vinificação.
Sendo assim, introduziram o uso de treliças, prensas de vinho gregas aprimoradas para extrair mais suco. E eram mestres em determinar quais uvas prosperou em quais climas, levando os vinhos de maior qualidade e maiores rendimentos.
Os romanos também podem ter sido os primeiros a reconhecer o potencial de um vinho. E preferir vinhos envelhecidos de 10 a 25 anos.
Logo, eles também perceberam que, para envelhecer vinhos com eficácia, precisavam de recipientes herméticos. Portanto, inventaram o barril de madeira. Acredita-se que também tenham sido os primeiros a usar potes e rolhas de vidro.
Principais Regiões produtoras nos dias atuais
A Itália é um dos poucos países que têm uma rica variedade de estilos de vinhos inigualáveis, com terroirs distintos e diversas uvas autóctones.
São 20 regiões principais e cada uma delas apresenta sua própria cultura, tradição e personalidade os vinhos.
A topografia peculiar, composta por uma longa espinha montanhosa que se estende desde os Alpes protegidos até quase o norte da África, resulta em praticamente todas as combinações desejadas
de elevação, latitude e exposição solar, que resultam em uma multiplicidade de estilos de vinhos que vai dos mais leves e frutados, como o Pinot Grigio da Sicília, aos mais encorpados e tânicos, como o Barolo, produzido no Piemonte.
Na década de 1960, o governo italiano criou o sistema de Denominação de Origem, assegurando procedência geográfica do vinho.
São três os sistemas que encontramos em território italiano:
- Denominazione di Origine Controllata (DOC): limite geográfico restrito, autorização de castas específicas para a produção;
- Denominazione di Origine Controlatta e Garantita (DOCG): além de cumprir os requisitos das DOC, os vinhos estão sujeitos a uma prova de degustação pelo Ministério da Agricultura;
- Indicazione Geografica Tipica (IGT): abrange territórios mais extensos e possui regras de produção mais flexíveis que outras duas.
Dentre as principais, podemos citar algumas que são muito conhecidas e fazem muito sucesso com os apreciadores de vinho ao redor do mundo, no Brasil e também entre nós, manauaras.
Toscana
Talvez a região italiana mais simbólica, quando pensamos em cultura da Itália, a Toscana possui um cenário esplendoroso, retratado incansavelmente no mundo das artes. O território é berço de poderosos nomes do vinho, como Brunelllo di Montalcino, Nobiles di Montalcino, Chianti e Supertoscanos.
Piemonte
O Piemonte é uma região de colinas íngremes, que favorece o cultivo de uvas variadas, principalmente a Nebiollo, estrela dos vinhos mais expressivos do local, Barolo e Barbaresco.
Vêneto
Uma das mais importantes regiões produtoras da Itália, também é conhecida como a capital do vinho. É lá que são produzidos vinhos italianos famosos nos quatro cantos do planeta, como Valpolicella, Amarone e o espumante Prosecco.
Puglia
No sul do país, a região de Puglia tem conquistado o paladar de críticos e enófilos, com seus vinhos intensos e deliciosamente sedutores. As uvas que mais se destacam por lá são as tintas Primitivo, Nero de Troia e Negromaro.
Existem muitas outras regiões em toda a Itália que também fazem vinhos maravilhosos, mas iremos deixar para uma próxima oportunidade um aprofundamento em cada região e suas características e continuarmos com nossa volta ao mundo na ótica do vinho.
Agora que você sabe mais sobre a história dos vinhos na Itália, está na hora de explorar esses vinhos na taça! Aqui vão algumas dicas de rótulos imperdíveis, feitos com as principais uvas italianas:
- Mediterranico Nero D’avola DOC Sicília;
- Manhir Salento Primitivo di Manduria DOC;
- Manhir Salento Negroamaro Salice Salentino DOC;
- Promis – Toscana;
- Sassoalloro – Supertoscano;
- Dal 1947 Primitivo di Manduria DOC.
Estes e muitos outros rótulos você pode encontrar na @dsmvinhos.
Um brinde e até a próxima!