O Ministério Público Federal (MPF) quer que Amarildo da Costa Oliveira e Jefferson da Silva Lima, réus na ação penal que apura os homicídios de Bruno Pereira e Dom Phillips, sejam julgados em Manaus. O pedido foi feito no dia 17 de julho, mas só veio à tona neste fim de semana.
Amarildo e Jefferson respondem por duplo homicídio qualificado e ocultação dos cadáveres.
Atualmente, o caso tramita em Tabatinga — município próximo ao local do crime e que conta com vara da Justiça Federal. No entanto, o MPF quer que o julgamento seja transferido para Manaus.
Para os procuradores, o fato de Tabatinga ser uma cidade pequena, com histórico de violência, pode influenciar a análise dos jurados.
“Há risco concreto à segurança dos acusados, da população local e, sobretudo, à própria imparcialidade e segurança dos jurados, considerando o grau de periculosidade atribuído aos denunciados”, destaca o pedido.
O MPF ressaltou ainda que o caso ocorre em um contexto sensível de disputa entre pescadores e indígenas pela exploração ou preservação dos recursos naturais na Terra Indígena Vale do Javari. Os procuradores pontuaram que o cenário, somado ao perfil da população de Tabatinga — formada em grande parte por pescadores ribeirinhos e indígenas —, pode comprometer a imparcialidade dos jurados.
Bruno e Dom foram mortos em junho de 2022, durante uma expedição de investigação na região do Vale do Javari, em Atalaia do Norte, interior do Amazonas. Dom escrevia o livro How to Save the Amazon? (Como salvar a Amazônia?), com o objetivo de mostrar como os povos indígenas preservam a floresta e se defendem de invasores.
- Amarildo foi preso em flagrante em 8 de junho de 2022, por ameaçar indígenas que participavam das buscas pelos corpos e por estar em posse de munições de uso restrito e permitido. No dia seguinte à prisão, a polícia encontrou vestígios de sangue na lancha usada por ele.
- Jefferson foi preso em 18 de junho do mesmo ano. A investigação apontou que ele teve participação direta no crime, desde a emboscada até a ocultação dos corpos.
No dia 21 de julho deste ano, três anos após o crime, a Justiça Federal também aceitou a denúncia e tornou réu Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, acusado de mandar matar Bruno e Dom.
O caso
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Bruno e Dom desapareceram quando faziam uma expedição para uma investigação na Amazônia. Dom escrevia o livro “How to save the Amazon?” (Como salvar a Amazônia?). O objetivo era mostrar como povos indígenas fazem para preservar a floresta e se defender de invasores.
Na viagem de campo, os dois foram vistos pela última vez em 5 de junho de 2022, quando passavam em uma embarcação pela comunidade de São Rafael. De lá, seguiam para Atalaia do Norte.
A viagem de 72 quilômetros deveria durar apenas duas horas, mas eles nunca chegaram ao destino.
Os restos mortais dos dois foram achados em 15 de junho daquele ano. A polícia concluiu que eles foram mortos a tiros, e seus corpos corpos, esquartejados, queimados e enterrados.
Além de Colômbia, também respondem pelo crime Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como Pelado, Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos” e Jefferson da Silva Lima, conhecido como “Pelado da Dinha”.
- Amarildo foi preso em flagrante em 8 de junho de 2022 por ter feito ameaças a indígenas que participavam das buscas pelos corpos e em posse de munição de uso restrito e permitido. No dia seguinte a prisão, a polícia encontrou vestígios de sangue na lancha usada por ele.
- Oseney foi preso em 14 de junho do mesmo ano. Ele é irmão de Amarildo e teria o ajudado a fazer uma emboscada e cometer o crime contra as vítimas.
- Jefferson foi preso no dia 18 de junho de 2022. A investigação indicou que ele teve participação direta no caso, desde a emboscada até a ocultação dos corpos.
Além deles, também foram denunciados pelo MPF os pescadores Eliclei Costa de Oliveira, Amarílio de Freitas Oliveira, Otávio da Costa de Oliveira e Edivaldo da Costa Oliveira por usarem um menor de idade para ajudar a ocultar os cadáveres de Bruno Pereira e Dom Phillips. Eles também foram denunciados pelo delito de ocultação de cadáveres.