O desbaratamento de um esquema de falsas rifas nas redes sociais levou a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) a prender, na quinta-feira (29), os influenciadores digitais João Lucas da Silva Alves, conhecido como ‘Lucas Picolé’, e Enzo Felipe da Silva, vulgo ‘Mano Queixo’, ambos com 24 anos.
As investigações já vinham acontecendo há quase cinco meses e, conforme as apurações feitas pela PC-AM, em dois anos de atividades o grupo já havia movimentado R$ 5 milhões.
Além dos dois suspeitos, também foi presa Flávia Ketlen, cunhada de ‘Picolé’ que, de acordo com as investigações, é responsável pela lavagem do dinheiro em uma loja de propriedade de Lucas, dos esquemas de falsas rifas promovidas pelos influencers.
“Ketlen opera auxiliando na “lavagem’ de capitais em uma empresa de Lucas Picolé, onde são vendidos produtos falsificados, utilizando sua conta bancária para receber os valores da venda destes materiais de falsas grifes. Com ela com ela foram encontrados cupons fiscais em seu nome que comprovam a prática”, informa a polícia.
No momento da prisão, foram encontradas 170 unidades de droga (identificada como LSD), munições para fuzil e uma motocicleta com identificação alterada.
“Durante as buscas, foram apreendidos veículos de luxo, adquiridos com base em atividades criminosas. Além disso, na loja de Lucas, foram encontrados mais de uma tonelada de produtos falsificados, bem como notas e cupons que comprovam que Flávia Ketlen recebia valores provenientes da prática da pirataria. Por essas razões, eles foram presos em flagrante pelo crime de receptação qualificada”, explica o delegado Cícero Túlio, titular do 3º Distrito Integrado de Polícia (DIP).
Drogas e munição
Durante a ação policial, Lucas tentou se desfazer de dois aparelhos celulares e a chave de uma BMW. No automóvel apreendido, foram encontradas a droga, as munições e evidências de adulteração na motocicleta. Isso resultou no flagrante também por tráfico de drogas e adulteração de veículo.
Nas investigações, existem indícios de que os influenciadores possuem vínculos com um influencer nacionalmente conhecido como ‘Buzeira’, que é alvo de operações da Polícia Federal e Polícia Civil do estado de São Paulo.
Um dia após as investigações, foi realizado um grande evento na cidade de São Paulo, com a presença de ‘Lucas Picolé’ e da influenciadora digital de Manaus, Isabelly Aurora, que também está sendo investigada no âmbito da operação.
Segundo o delegado Cícero Túlio, descobriu-se que os investigados atuam promovendo a divulgação de sorteios clandestinos, sem registro, por meio das redes sociais, e posteriormente canalizam os valores para dissimular e ocultar, dificultando a atuação das autoridades de fiscalização e controle.
“A polícia vinha observando as ações do ‘Picolé’ na parte de ostentação, e conseguimos identificar que a forma de atuação criminosa deles se equivale a de diversos outros influencers que já foram objeto de operações em outros estados. Com base nisso, levantamos as informações que levaram a comprovação de que eles fazem parte desse esquema criminoso”, ressalta o delegado.
Também foi descoberto que boa parte dos prêmios já é comprada em nome dos ganhadores antes mesmo de ocorrerem, levando a crer que, em alguns casos, o próprio ganhador tem participação no esquema criminoso.
A autoridade policial explica, ainda, que os autores chegam a anunciar rifas de veículos avaliados em mais de R$ 200 mil, cuja disputa se dá pela aquisição de bilhetes eletrônicos vendidos por centavos. Os valores arrecadados com os golpes são utilizados para comprar veículos de luxo, alugar imóveis de alto padrão e adquirir imóveis de luxo, além de serem reinvestidos em uma loja que comercializa produtos falsificados de marcas de grife.
“Isso faz parte de uma estratégia. Se analisarem outros influencers, eles operam sempre nesse esquema, usando o cunho humorístico e a ostentação para que as pessoas vislumbrem neles um exemplo a ser seguido”, afirma Cícero Túlio.
Segundo o titular do 3º DIP, foi possível identificar a conexão dos investigados com influenciadores de outros estados, que utilizam a mesma plataforma de sorteios, levando a crer que existe uma grande rede de criminosos que operam esse esquema em todo Brasil.
Entre os crimes estão estelionato, lavagem de dinheiro, associação criminosa, fraude no comércio, receptação qualificada, promoção de jogos de azar, publicidade enganosa e crimes contra as relações de consumo.
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Esquema de falsas rifas leva influencers digitais à prisão em Manaus
A Polícia Civil investiga, ainda, os crimes de tráfico de drogas, posse ilegal de munição e lavagem de dinheiro
By Vanguarda do Norte4 Mins Read
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