Hélio Alerandro Pereira Lima, de 22 anos, confessou envolvimento na morte do advogado Luís Carlos Calderaro, que tinha 60 anos, assassinado a tiros no dia 1º de agosto deste ano, na rua Coronel Salgado, bairro Aparecida, zona sul de Manaus. De acordo com a Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), Hélio é apontado como mandante do crime e justificou, em depoimento, que a motivação teria sido vingança. O executor do homicídio foi um adolescente de 16 anos, que segue foragido.
Ainda segundo a polícia, a confissão foi apresentada pelo suspeito na quinta-feira (24), na sede da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS). Hélio foi preso durante a Operação Scarface, deflagrada pela Polícia Civil na quarta-feira (23).
Durante coletiva realizada na sede da DEHS, o titular da unidade especializada, delegado Ricardo Cunha, relatou que a vítima estava sendo ameaçada pelo autor, que atuava diretamente na comercialização de drogas naquela região da cidade.
“Em depoimento, ele [Hélio] alega ter sido preso por tráfico de drogas em junho deste ano e apontou a vítima como responsável pela prisão”, detalha a autoridade policial, afirmando que a motivação do suspeito para cometer o crime seria vingança, e que as ameaças eram feitas à vítima por aplicativos de mensagem.
O titular acrescentou, ainda, que o adolescente – apontado como autor dos disparos que mataram o advogado – também estava envolvido no crime de tráfico e que teria planejado o assassinato de Luís Carlos juntamente com Hélio.
Ainda conforme Cunha, quanto ao adolescente, um mandado de busca e apreensão já foi expedido pelo juizado da Infância e Juventude, e a ordem judicial ficará sob responsabilidade da Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (Deaai). Já o mandante do crime, Hélio Alerandro, responderá por homicídio qualificado e ficará à disposição da Justiça.
Detalhes sobre o crime
Segundo Ricardo Cunha, na noite do ocorrido, Hélio estava próximo à residência do advogado, pronto para dar a ordem ao adolescente para que executasse a vítima.
“Quando o advogado [Luís Carlos] saiu de casa, Hélio comunicou o adolescente, que recebeu uma arma de fogo dos traficantes da região e começou a andar normalmente na rua do advogado. Ao se aproximar, [o adolescente] proferiu o tiro que atingiu a cabeça de Luís Carlos, que morreu no local”, descreve o titular da DEHS.
Ainda conforme o delegado, a vítima cedia as vagas em frente à sua residência para os flanelinhas, que atuam naquela região, vigiarem os veículos das pessoas que costumam frequentar a feira do bairro Aparecida.
“Após a morte do advogado, Hélio Alerandro passou a recolher o dinheiro desses flanelinhas, que estavam trabalhando na frente da casa do advogado”, acrescenta Ricardo Cunha.
No decorrer da coletiva, o delegado-geral da PC-AM, Bruno Fraga, se pronunciou sobre o caso e externou os sentimentos de pesar para os familiares da vítima, além de parabenizar a equipe da especializada por mais uma prisão realizada com êxito.
“O advogado Luiz Carlos foi alvejado brutalmente em frente à sua residência, perante aos familiares e conhecidos, e, em menos de um mês, os policiais civis da DEHS elucidaram este caso que deixou a sociedade amazonense em choque. Continuaremos firmes na apuração dos homicídios que ocorrem no Estado, garantindo o bem estar da população”, enfatiza Fraga.
OAB acompanha o caso
O presidente da Comissão de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Amazonas (OAB/AM), Alan Jhonny, esteve presente na coletiva juntamente com demais advogados membros da ordem.
“A OAB vai acompanhar até o final das investigações, e também da ação penal [pela vitima] se tratar de um advogado. Nós recebemos com tristeza essa informação porque o advogado estava combatendo o tráfico de drogas na sua região. É lamentável o que aconteceu. A OAB se tivesse tido conhecimento dessas ameaças — o advogado não comunicou a Ordem sobre essas ameaças — nós teríamos agido”, declara Alan Jhonny.