Três pessoas foram presas durante a operação ‘Jogada Ensaiada’, do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), que investiga o favorecimento a uma empresa para o fornecimento de serviço de agentes de portaria para o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, localizado na zona centro-sul de Manaus. A diretora financeira da unidade hospitalar, Querciane Alves, o presidente do Atlético Amazonense, Henrique Barbosa, e sua companheira, Júlia Marquês, foram presos sob suspeita de corrupção dentro do hospital.
A ação foi realizada por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), que cumpriu, ao todo, quatro mandados de prisão e seis mandados de busca e apreensão na manhã desta segunda-feira (26). De acordo com o MP, a investigação visa o sobrepreço na contratação de agentes de portaria, que teria resultado no prejuízo de, aproximadamente, R$ 2 milhões aos cofres públicos.
Ainda segundo o órgão, houve repasse de valores aos gestores da unidade hospitalar, por meio de uma empresa de gestão esportiva. O esquema, inclusive, só teria sido descoberto por conta das investigações de manipulação de resultados no futebol estadual, ainda em 2022.
“Essa investigação começou lá atrás, em relação a manipulação de jogos, quando identificou-se que havia supostamente recursos sendo transferidos para um clube presidido por um dos investigados. A partir disso, o MP conduziu as investigações e observou que uma das empresas, que fazia essas transferências, tinha contrato com um hospital público da cidade. A investigação aprofundou-se e conseguimos verificar como foi feito o contrato e de que maneira havia ali um prejuízo”, explica José Augusto Palheta Taveira, promotor de justiça.
Barbosa, que é dirigente do clube da segunda divisão do futebol local, foi julgado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), suspenso por 840 dias e multado em R$ 50 mil no ano passado, após um gol claramente contra viralizar nacionalmente.
“O que chamou a atenção foi que recursos foram mandados para uma empresa que tinha contratos com o hospital, para a empresa ligada a esse empresário. Posteriormente, avançamos as investigações quando identificamos que havia um vínculo entre o empresário e esse agente público e, a partir disso, conseguimos entender como funcionava essa situação”, completa Taveira.
Conforme o MPAM, a operação é resultado de investigação conduzida pelo GAECO e pela 70ª Prodeppp, e visa desarticular esquema criminoso envolvendo fraude em licitação, corrupção e lavagem de dinheiro, com a participação de agentes públicos e empresários.
Nota da SES
Após a efetivação das prisões dos funcionários do HPS 28 de Agosto, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) anunciou, por meio de uma nota oficial, o afastamento dos envolvidos, além da colaboração com as investigações do Ministério Público.
“A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) esclarece que não compactua com qualquer prática criminosa e informa que todos os servidores envolvidos na operação deflagrada pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM) fora afastados dos seus cargos. A secretaria reforça que está colaborando com as investigações. Por fim, a SES informa ainda que a unidade já está sendo administrada por um gestor interino”, diz o texto.
*Com informações da assessoria.