A Polícia Federal (PF), junto à Receita Federal e ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), deflagrou na manhã desta quarta-feira (9/10) as operações Sinal de Fumaça, em Uberaba–MG, e Nicotina Falsa, no Distrito Federal.
Mais de 170 policiais federais cumprem dois mandados de prisão, 41 de busca e apreensão, além de ordens judiciais de bloqueio e sequestro de bens dos suspeitos, todos expedidos pela 2ª Vara de Garantias de Goiânia–GO e pela Justiça Federal em Uberaba. A operação ocorre no DF, em Goiás, em Minas Gerais e em Pernambuco.
As investigações começaram a partir de denúncias que informavam sobre a venda de cigarros falsificados ou contrabandeados nos municípios de Valparaíso de Goiás–GO, no Entorno do Distrito Federal, e de Uberaba.
Em agosto deste ano, a coluna Na Mira revelou, na reportagem especial Rota da Fumaça, que não existe barreira para impedir organizações criminosas especializadas no contrabando de cigarros de despejarem toneladas de fumo de baixa qualidade no Brasil, o que aumenta o risco à saúde de quem consome esses produtos.
O Metrópoles foi ao Suriname, a Belém–PA e a Minas Gerais para acompanhar a Rota do Fumo. A apuração também revelou a rotina escravagista imposta por fábricas clandestinas e como é o processo de falsificação dos cigarros.
Os suspeitos que são alvo da operação desta quarta-feira (9/10) mantinham uma fábrica onde trabalhadores paraguaios seriam explorados em condições análogas à escravidão para a produção dos cigarros falsificados, segundo a PF.
O inquérito policial demonstra que os investigados teriam iniciado as atividades com a venda de cigarros legítimos, mas começaram a querer lucros maiores e passaram a vender o produto com origem em uma fábrica clandestina, de localização provável em Minas Gerais.
Durante as apurações, a PF conseguiu amostras dos cigarros e fumos vendidos, de modo que laudos periciais e consulta aos supostos fabricantes confirmaram as suspeitas.
Apesar da aparência simples das distribuidoras investigadas em Valparaíso de Goiás e Uberaba, análises de relatórios de inteligência financeira (RIFs) recebidos pela PF revelaram a movimentação de R$ 1.473.870.264 por meio do esquema.
Além disso, a fim de conseguir transportar a carga pelas rodovias do Brasil, o grupo falsificava documentos e notas fiscais para burlar as fiscalizações. As diligências também demonstraram que os suspeitos, inclusive, ironizavam as abordagens e diziam que “aprendiam cada vez mais” com fiscais e policiais a cada nova operação.
Os investigados podem responder por crimes relacionados à falsificação de cigarros e de documentos tributários, comércio de produtos impróprios para consumo, promoção de trabalho em regime análogo à escravidão e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem levar a mais de 48 anos de prisão.