Ana Júlia Azevedo Ribeiro, de 29 anos, apresentou-se à polícia nesta quinta-feira (10), em Manaus. Ela é suspeita de envolvimento na morte de Débora da Silva Alves, de 18 anos, jovem grávida de oito meses, mas até o momento não há confirmação da participação no assassinato. A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) confirmou que o feto do bebê, que havia sido retirado no momento do crime, foi descartado no rio.
Na última quarta (9), a Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) já havia confirmado que Ana Júlia era considerada foragida. Segundo a Polícia Civil, ela é companheira de Gil Romero Machado Batista, de 41 anos, que era pai do filho da vítima, apontado como autor do crime. Ele, que responde por homicídio qualificado e feminicídio junto de um comparsa conhecido por “Nego”, afirma que ela não tem participação no ato.
“Ele [Gil Romero] afirma, categoricamente, que a esposa dele não tem qualquer tipo de envolvimento, que ele só avisou para a esposa que havia feito uma besteira e teria que sumir. Com as notícias, ela obviamente já sabia do que se tratava, mas em relação ao crime, neste primeiro momento, não estamos vendo participações da Ana Júlia”, afirma o delegado Ricardo Cunha, titular da DEHS.
Em entrevista coletiva, Cunha ressalta que a polícia encontrou inconsistências no depoimento de Ana Júlia e, por conta disso, a Justiça decretou um mandado de prisão temporária. Ela se apresentou à delegacia ainda pela manhã, acompanhada do advogado.
“Acreditamos, com a versão do que ele [Romero] falou, que a verdade veio à tona. A gente não tem comprovação da participação da Ana Júlia. Aparentemente, ela não soube de nada. Obviamente, com a divulgação da imprensa, ela ligou os pontos, mas não acreditava que o marido dela fosse capaz de matar essa jovem. Acreditava que ele poderia ter pago o ‘Neguinho’ para cometer o crime”, completa a delegada Débora Barreiros, responsável pela investigação.
Detalhes sobre o crime
A delegada Débora Barreiros, adjunta da DEHS, conta que o suspeito viu que tinha “feito uma besteira” e foi encorajado pelo comparsa a “finalizar” o ato criminoso no carro. Segundo as investigações, o bebê foi retirado com uma faca de cozinha já morto. O cádaver foi ocultado com um saco de estopa e, posteriormente, foi levado por Gil Romero ao Porto da Ceasa, na zona sul de Manaus, em direção a Careiro da Várzea, onde foi jogado.
“Finalizaram o estrangulamento e levaram-na para um galpão. Temos uma perícia para confirmar que parte dessa atrocidade aconteceu lá dentro, foi quando atearam fogo no corpo da moça. Ele [Gil Romero] continua acusando o ‘Neguinho’, mas essa finalização, para fins do cometimento do crime, é irrelevante para a gente”, relata Barreiros.
A autoridade policial continua descrevendo o crime: “Desceram a moça já queimada, em um tonel, para uma área de mata, quando o ‘Neguinho’ foi embora. O Gil Romero começou a pensar que ele seria o principal suspeito do crime, caso encontrassem a criança. Aí, ele disse que se desesperou, pegou uma faca de pão, abriu a barriga da moça e extraiu a criança, que já estava morta”, narra a delegada.
Depois de cometer o crime, o autor teria ido para a casa dele e, no dia seguinte, fugiu para o estado do Pará por medo de ser encontrado. A polícia confirma, ainda, o envolvimento de uma terceira pessoa, um homem que ainda está com o status de foragido.
Prisão de Gil Romero
Gil Romero foi preso pela Polícia Civil do Pará (PC-PA), na noite de terça-feira (8), no Distrito de Apolinário, localizado na comunidade rural de Curuá, no oeste do Pará. De acordo com a Polícia Civil, ele estava sendo monitorado desde o último sábado (5) e não resistiu à prisão.
O Núcleo de Apoio a Investigações (NAI) do Baixo Amazonas afirma que a polícia já suspeitava que Romero estivesse escondido naquela região. Por volta das 22h de terça-feira, ele foi localizado e preso. O suspeito foi transferido da delegacia de Óbidos para Manaus, onde foi apresentado pela Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), no início da noite de quarta-feira (9), na sede da Delegacia Geral (DG).
Relembre o caso
A jovem grávida Débora da Silva Alves, de 18 anos, desapareceu no dia 29 de julho deste ano, após sair de casa para se encontrar com o pai da criança, o vigilante Gil Romero Machado Batista, de 41 anos. Segundo a família da vítima, Romero ameaçava Débora por não aceitar a gravidez, sob a justificativa de ser casado e temer o fim do relacionamento com a atual esposa.
O corpo da vítima foi encontrado na manhã do dia 3 de agosto, em uma área de mata localizada no bairro Mauazinho, zona leste da capital amazonense. Na ocasião, um homem conhecido por ‘Neguinho’ foi preso, suspeito de participação no crime.
De acordo com o Departamento de Polícia Técnico Científica (DPTC), a jovem grávida teve o corpo queimado e os pés cortados. Ela também foi encontrada com um pano enrolado no pescoço o que, para os peritos, indica que ela tenha sido asfixiada.
Conforme a delegada Débora Barreiros, a área de mata onde o corpo foi encontrado faz parte do terreno da empresa onde Gil Romero trabalhava como vigilante.
*Com informações de Tatiana Nascimento e Gerson Silva