O presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou, nesta terça-feira (9), em Manaus, o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia (CCPI Amazônia). A unidade, que recebeu investimento de R$ 36,7 milhões do Fundo Amazônia, funciona como núcleo de inteligência e articulação no enfrentamento de crimes ambientais, tráfico de drogas, armas e pessoas.
O centro vai promover a colaboração entre os nove países amazônicos e os nove estados brasileiros que compõem a Amazônia Legal. A estrutura reúne a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Força Nacional e forças policiais estaduais em um espaço moderno, com tecnologia de ponta.
Durante a inauguração, Lula destacou a importância da integração entre países e estados amazônicos no enfrentamento ao crime organizado e na defesa da soberania da região.
O presidente ressaltou que a nova estrutura representa um marco histórico na cooperação regional e na presença efetiva do Estado em áreas vulneráveis da floresta.


“É a primeira vez na história da Amazônia que tantos atores se reúnem no mesmo espaço físico em torno de um objetivo comum. Não precisamos de intervenções estrangeiras nem de ameaças à nossa soberania. Somos perfeitamente capazes de ser protagonistas das nossas próprias soluções. As palavras-chave são ação integrada e cooperação”, disse.
“O Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia será um ambiente de intercâmbio diário de experiências e de compartilhamento da inteligência. Será um polo de investigações e operações conjuntas com o respaldo da tecnologia de ponta. Esse espírito de articulação é o que tem inspirado nossas políticas nacionais”, completou o presidente.
O presidente Lula chegou a Manaus por volta de 10h30 e seguiu até a sede do CCPI Amazônia, localizada na Avenida Jacira Reis, bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste da cidade, acompanhado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, do presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Aloizio Mercadante, e do senador Omar Aziz (PSD-AM).
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A visita de Lula a Manaus continua pela parte da tarde, quando o presidente deve visitar um dos maiores projetos de infraestrutura digital da Amazônia, dando início às obras de interligação das infovias do Programa Norte Conectado, que busca levar internet a moradores da região.
Em seguida, vai participar da assinatura dos contratos entre o BNDES e a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater) para implementação do Programa União com Municípios pela Redução do Desmatamento e Incêndios Florestais e entre o BNDES e o Memorial Chico Mendes para implementação do projeto Sanear Amazônia.
Em discurso na cerimônia, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski destacou que o crime organizado transnacional deve ser encarado como uma das principais ameaças à soberania dos países.
Ao citar os desafios globais contemporâneos, como o aquecimento global, guerras regionais e crises sanitárias, ele ressaltou que a criminalidade organizada também integra essa lista de “nós geopolíticos” que exigem cooperação internacional para serem combatidas.
“O crime organizado transnacional é hoje um fenômeno abrangente, global, e afeta profundamente a soberania dos países. Por isso, o combate não pode ser apenas local ou nacional, mas precisa ser integrado e contar com a colaboração entre diferentes nações contra essa verdadeira praga internacional”, afirmou.
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Também estiveram presentes na cerimônia o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, a vice-presidente do Equador, Maria José Pinto, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira de Melo, o ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, e o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante).
O governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), não compareceu ao evento.
Como funciona o centro
O CCPI terá papel central no combate a crimes ambientais e outros ilícitos associados como lavagem de dinheiro, grilagem de terras públicas e sonegação de impostos.
A tecnologia vai ser uma das maiores aliadas ao trabalho. A partir de imagens de satélite, o sistema de segurança mostra em mapa situações de crimes ambientais detectadas na Amazônia brasileira. A cor indica a quantidade de alertas e pode dar início a investigações ou a planos de ação.
A iniciativa é resultado dos compromissos assumidos pelo Brasil junto a Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, na Carta de Belém, e dos estados da Amazônia Legal quando aderiram ao referido plano.
As atividades do centro recém-inaugurado serão desenvolvidas em cooperação com forças de segurança pública de nove estados:
- Acre
- Amapá
- Amazonas
- Maranhão
- Mato Grosso
- Pará
- Rondônia
- Roraima
- Tocantins
Também poderão ser integrados às atividades agentes de segurança dos demais países da Pan-Amazônia. Organismos multilaterais como a Interpol, Ameripol e Europol serão convidados a se somar aos esforços, permitindo assim um fluxo diário e permanente de dados de inteligência e a pactuação de operações e investigações conjuntas.
A unidade também integra o Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS), que recebeu R$ 318,5 milhões do Fundo Amazônia para reforçar a fiscalização e a inteligência na floresta. O investimento prevê ainda a compra de helicópteros, lanchas blindadas, viaturas e drones.
Além do centro, o apoio do Fundo Amazônia à PF inclui a operação Ouro-Alvo, voltada para rastrear a origem do ouro e combater a grilagem de terras públicas, a lavagem de dinheiro e ilícitos ligados ao desmatamento.
Fonte: G1