O presidente da Câmara Municipal de Manaus (CMM), vereador Caio André (Podemos), afirmou em coletiva de imprensa na última quinta-feira (9), que a Casa Legislativa irá até as últimas consequências para entender o que motivou o bloqueio, por quase 24 horas, nas contas do Poder Legislativo Municipal.
O congelamento do orçamento da CMM, que afetou o crédito disponível no valor aproximado de R$ 4 milhões do Legislativo, partiu da Prefeitura de Manaus, que detém o controle dos repasses do orçamento do município, por meio do Sistema de Administração Financeira Integrada Municipal (AFIM).
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A Secretaria Municipal de Finanças e Tecnologia da Informação (Semef) apresentou justificativas, por meio de nota, alegando que o bloqueio foi consequência de uma correção no valor autorizado para o repasse previsto para a CMM, mas para o presidente do Legislativo, os argumentos não são cabíveis.
“Isto é uma invasão à competência da Câmara, que fique bem claro. A Câmara é um poder independente, é o Poder Legislativo Municipal. A Prefeitura é o poder Executivo Municipal, são entes federativos que têm entre si independência e harmonia, é assim que devem ser os poderes”, afirma o vereador.
Também participaram da coletiva os vereadores William Alemão (Cidadania), Lissandro Breval (Avante), Capitão Carpê (Republicanos), Everton Assis (União Brasil), Allan Campelo (Podemos), Marcelo Serafim (PSB) e Raiff Matos (DC), além do diretor-geral da Câmara, Henry Vieira, e de representantes da Procuradoria e da Diretoria Financeira da CMM.
“A Câmara, independente que é, não vai se curvar a isso, de forma alguma. Nós iremos tomar todas as providências cabíveis para que isso jamais aconteça com o Poder Legislativo do município de Manaus. É inadmissível o que aconteceu na tarde de ontem [8] e se estendeu até a tarde de hoje”, enfatiza Caio André.
Contexto político
O bloqueio ocorreu após o Projeto de Lei nº 603/2023, de autoria do Executivo Municipal, que buscava autorização para novo empréstimo de R$ 600 milhões com o Banco do Brasil, ter sido rejeitado pela maioria dos parlamentares em plenário.
“A Câmara se posicionou ontem como achou que deveria se posicionar, como é o processo democrático. Quero crer que nada disso foi motivo para que houvesse essa interferência. O que é inadmissível é que houve o bloqueio, por parte da Prefeitura no sistema financeiro, da Câmara Municipal de Manaus, assumido pela própria nota da Semef”, aponta o presidente da Câmara.
O vereador Capitão Carpê (Republicanos) também expressou publicamente a indignação com a medida. Pelas redes sociais, ele afirma que o bloqueio foi “um ato de vingança e covardia da Prefeitura de Manaus” e que os vereadores continuarão “fiscalizando e denunciando tudo de errado” no Executivo Municipal”.
“Horas depois de negarmos o empréstimo irresponsável de R$ 600 milhões, a Prefeitura bloqueou completamente o sistema financeiro da Câmara Municipal de Manaus. Quero dizer que já estamos tomando as providências e iremos até o fim para punir quem fez isso”, alega o vereador.
Providências
Segundo o presidente da Câmara, representantes da Semef deverão ser convocados para explicar, no plenário da CMM, os motivos que levaram ao bloqueio. Além disso, o setor financeiro da Casa Legislativa irá fazer um levantamento técnico sobre os prejuízos que podem ter sido trazidos para o poder Legislativo. Medidas jurídicas também serão avaliadas.
“Iremos tomar todas as providências cabíveis para que isso jamais aconteça com o Poder Legislativo do município de Manaus. É inadmissível o que aconteceu. O setor financeiro todo ficou parado. Atrasou, por exemplo o pagamento do Imposto de Renda da CMM” concluiu Caio André, ao ressaltar que o bloqueio nunca havia ocorrido anteriormente, na história do Parlamento Municipal.
Com o bloqueio, também não foi possível empenhar processos, efetuar transações bancárias nem pagar fornecedores durante quase 24 horas.