Em entrevista exclusiva à CNN Brasil, Brian Ballard, advogado aliado de Donald Trump e responsável por arrecadar fundos na campanha eleitoral do presidente dos Estados Unidos, recomendou que o Brasil ligue diretamente para o republicano para negociar o tarifaço.
“Eu faria tudo o que pudesse para falar diretamente com o presidente e sua equipe sênior, o secretário [do Comércio Howard] Lutnik, o secretário do Tesouro, o representante comercial, todos eles”, comentou.
Ballard observou que Trump adora “conversar pessoalmente” e pontuou que aconselharia qualquer líder mundial, incluindo o presidente Lula, a “ligar diretamente” para o chefe de Estado dos EUA.
Durante a entrevista à CNN, o advogado avaliou que Donald Trump acredita no efeito das tarifas e que comércio livre e justo é um elemento vital tanto da política econômica quanto externa.
Ele também afirmou que Trump é um negociador duro, mas justo, destacando que o governo brasileiro deve prestar atenção no que o presidente dos EUA está solicitando.
Por que tarifas de 50% ao Brasil?
Ballard avaliou, também, que a imposição da tarifa de 50% contra o Brasil se deve a uma junção de diversos fatores, incluindo o papel do país no Brics, a relação de Lula com Xi Jinping, presidente da China, e as declarações para o fim da dolarização da economia, por exemplo.
“Eu acho que o presidente [Trump] vê o governo brasileiro como não tão pró-EUA como, digamos, foi no passado e deveria ser. Então, ele tem várias alavancas e ferramentas que pode usar para tentar alcançar o que ele considera serem resultados mais justos”, comentou.
Em outro momento, o advogado ponderou que a negociação com o Brasil deve ser uma das mais difíceis que restaram para os Estados Unidos, mas garantiu que Trump gostaria de um acordo justo entre os países.
Ele citou ainda os acordos com o Japão — ressaltando que será bom para o país — e com a União Europeia — que também foi complicada, mas que foi finalizada.
“Nas negociações com a União Europeia, elas começaram muito difíceis. E, obviamente, com tantos governos diferentes, tantos países diferentes envolvidos. Foi uma negociação muito difícil, tenho certeza”, disse.
“Não foram apenas questões econômicas, houve também questões políticas, e eles conseguiram resolver isso. Portanto, espero que isso seja resolvido de uma forma que seja benéfica para o povo brasileiro, mas que também permita ao presidente obter o que ele quer e o que ele vê como justo”, acrescentou.
“Qualquer governo que ainda não tenha fechado um acordo com os Estados Unidos, que vê o que o Japão fez, vê o que a União Europeia acabou de fazer, seria tolo se não fizer de tudo para resolver isso o mais rápido possível”, concluiu.
Donald Trump anunciou a imposição de uma tarifa de 50% contra todas as exportações brasileiras em 9 de julho, citando a investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por suposta tentativa de golpe de Estado. Além disso, ele afirmou que a relação comercial entre os países seria injusta.
Desde então, Lula disse em discursos e entrevistas que o presidente dos EUA deveria respeitar a soberania brasileira e alegou que o republicano “não quer conversar”.
O ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, foi aos Estados Unidos para uma cúpula sobre a solução de dois Estados, mas não teve reuniões com autoridades americanas sobre o tarifaço.
Uma comitiva de senadores está nos EUA para reuniões com parlamentares americanos e empresas, mas o impasse continua poucos dias antes de a tarifa entrar em vigor — o prazo termina no dia 1° de agosto.