O ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), que houve uma “falha muito grave no cumprimento do protocolo” durante a invasão às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023.
Na data, Torres exercia o cargo de secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e havia viajado dias antes para os Estados Unidos, onde, segundo ele, passaria férias em família.
“Eu vejo que houve uma falha muito grave no cumprimento do protocolo de ação integrada. Eu fui surpreendido com isso no domingo [8 de janeiro de 2023]. Estava num parque na Disney. Quando tive informação, eles [os vândalos] já tinham entrado no Palácio do Planalto e no Congresso. Fiquei desesperado. Do jeito que deixei as coisas em Brasília, era inimaginável que antecedesse o que aconteceu no 8 de janeiro”, disse Torres.
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Ao ser questionado sobre o fato de a chamada “minuta do golpe” ter sido encontrada em sua residência, o ex-ministro classificou o documento como “minuta do Google”.
“Na verdade, ministro, eu brinquei, não é a minuta do golpe, é a minuta do Google, porque tá no Google até hoje. Esse documento, ministro, foi entregue ao meu gabinete, no Ministério da Justiça, eu levava diariamente duas pastas pra minha residência. Uma delas com agenda do dia seguinte, eventuais minutas de discurso e outra com documentos gerais que vinham do Ministério. Eu realmente nem me lembrava dessa minuta, fui ver isso quando foi apreendido pela Polícia Federal, foi uma surpresa”, declarou Torres.
Ele relatou ainda que a minuta ser encontrada em sua casa foi “uma fatalidade” e que ela deveria ser “destruída”.
“Isso foi colocado pra ser descartado. Eu nunca tratei isso com o presidente da República, eu nunca tratei isso com ninguém, isso veio até o meu gabinete no Ministério da Justiça. Foi organizado pela minha assessoria que isso veio num envelope dentro e foi parar na minha casa. Mas eu nunca discuti esse assunto, nunca trouxe isso a tona. Foi uma fatalidade que aconteceu, porque já era pra ter sido destruída há muito tempo. Não é da minha lavra, não sei quem fez, não sei quem mandou fazer. Eu nunca discuti esse assunto”.