A ida do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e da comitiva de senadores aos Estados Unidos marca a última tentativa do Brasil de negociar o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O aumento de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados começa a valer nesta sexta-feira (1º/8).
Mauro Vieira foi a Nova Iorque visando participar da conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para a solução da guerra em Gaza. A interlocutores da diplomacia norte-americana, ele se colocou à disposição para se reunir com representantes de Trump a fim de negociar as tarifas. No entanto, não recebeu retorno da Casa Branca.
Por outro lado, a comitiva de oito senadores que chegou aos EUA começou a circular por Washington, D.C. na tentativa de conscientizar o empresariado e alguns congressistas norte-americanos sobre os efeitos da alta tributária.
No primeiro dia de trabalho, os parlamentares brasileiros se reuniram com integrantes da Câmara de Comércio Brasil-EUA. Do encontro, teria saído a sugestão para o grupo enviar carta à Casa Branca solicitando a prorrogação do tarifaço. Mas, segundo o líder da comitiva, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), o grupo de empresários não se mostrou muito otimista.
Veja a lista de países que já conseguiram negociar com os EUA
- Japão: a alíquota ficou em 15%, e o país se comprometeu a realizar investimentos nos EUA.
- Filipinas: o acordo previu alíquotas em 19% para os produtos filipinos, enquanto os EUA não pagarão tarifas no país.
- Indonésia: as alíquotas no país também ficaram em 19%, e 99% dos produtos americanos receberão isenção.
- Vietnã: o acordo fechou as alíquotas em 20%.
- Reino Unido: negociações em alíquotas de 10% e redução de tarifas para o setor automotivo.
Tentativa de diálogo
Tanto o Itamaraty quanto o Senado tentam ensaiar um diálogo entre Lula e Trump. O senador Carlos Viana (Podemos-MG) disse a jornalistas que o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), integrante da comitiva, teria sugerido encontro entre os dois mandatários. O presidente brasileiro estaria disposto a isso.
Nas redes sociais, a senadora e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP-MS) disse que “passou da hora” de Lula ligar para Trump. “A ideologia não pode falar mais alto que o bom senso”, declarou.
Durante o lançamento de uma termelétrica no Rio de Janeiro, Lula voltou a falar em diálogo com o governo norte-americano, mas criticou o interesse dos Estados Unidos em explorar as chamadas terras raras no Brasil e a articulação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por sanções ao Brasil devido à ação penal em que seu pai, Jair Bolsonaro (PL), é réu no Supremo Tribunal Federal (STF).
Os senadores nos EUA tentam separar os assuntos econômicos dos políticos nos encontros com representantes norte-americanos. Ao Metrópoles, integrantes da comitiva relataram que o filho 03 de Bolsonaro busca usar o trânsito que tem na capital do país para sabotar os esforços do Senado. Nas redes sociais, Eduardo tem feito críticas sucessivas à comitiva.