Partidos do Centrão têm apoiado Tarcísio de Freitas (Republicanos) em conversas para tentar avançar num projeto de anistia enxergam no governador de São Paulo como um substituto natural do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
No entanto, ministros das principais siglas do grupo – Republicanos, PP e União Brasil – resistem a desembarcar do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Silvio Costa Filho (Republicanos), André Fufuca (PP) e Celso Sabino (União Brasil) articulam para se manter nas respectivas pastas – Portos e Aeroportos, Esporte e Turismo.
Costa Filho disse que estará ao lado de Lula nas eleições de 2026. Fufuca afirma continuar a despachar normalmente.
Sabino procura seguir no cargo dialogando com ambos os lados e apostando na COP30, ser realizada no Pará, sua base eleitoral.
Apesar do discurso de desembarque, os partidos não pretendem abrir mão do controle de empresas públicas nem de indicações em cargos regionais.
O Planalto busca segurar parte do Centrão junto a si pelo menos até o início do ano que vem e tenta se aproveitar das divisões internas no grupo com a direita.
Uma possível anistia a Jair Bolsonaro é agora o maior ponto de discordância no Congresso Nacional.
O PL quer um texto com um perdão geral e irrestrito para livrar Bolsonaro de uma eventual condenação pelo Supremo e deixá-lo elegível para a corrida presidencial de 2026.
Parte do Centrão, porém, não vê espaço para uma anistia tão ampla e prefere bancar uma versão mais “light”, nos termos do texto que vem sendo costurado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Mesmo assim, não há consenso sobre um caminho.
Outro fator da discussão é a vontade do Centrão de ter Tarcísio de Freitas como candidato ao Planalto em 2026.
O grupo quer herdar o espólio eleitoral de Bolsonaro, e se prepara para ocupar o espaço do ex-presidente.
Uma anistia que alivie a pena de Bolsonaro, mas que o mantenha inelegível, não está descartada.
O PL nega a possibilidade de um acordo para qualquer proposta neste formato.
Na última quinta-feira (4), o líder do partido na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), se reuniu com o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), para dizer que não abre mão de uma versão que inclua Bolsonaro entre os anistiados.
O grupo cobra um cronograma de Motta, que ainda não se compromete com datas.
Após almoço com o presidente Lula e comandantes das Forças Armadas nesta sexta (5), o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, evitou falar sobre o projeto.
Além de Bolsonaro, oficiais de altas patentes estão sendo julgados pela trama golpista no STF.
“Não conheço o projeto, acho que se for discutir de uma forma construtiva e não para poder concorrer com o poder, pra fazer avaliação de força de quem manda mais, acho que essa queda de braço não serve ao país. Estamos numa hora que a gente precisa juntar todo mundo pra construir este país, né”, declarou o ministro.