Manaus ( AM)– A maior parte da Bancada do Amazonas ainda resiste em assinar um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), para que haja uma investigação sobre o ato terrorista de 8 de janeiro deste ano. Somente três parlamentares do Amazonas assinaram, até o momento, a CPMI, todos ligados a pautas bolsonaristas e contra a gestão Lula.
Há duas iniciativas de abertura: Uma CPI, que corre no Senado, de autoria da senadora Soraya Thronicke (UB), e uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), que foi protocolada pelo deputado André Fernandes (PL), que é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF).
No caso da CPI ficariam apenas os senadores, no caso da CPMI, participariam senadores e deputados federais.
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Dos políticos do Amazonas, o senador Plínio Valério (PSDB) assinou a CPI. Ele diz que há a necessidade de uma melhor investigação sobre os atos e assim sejam esclarecidas as dúvidas.
Vale frisar que o senador chegou a visitar os amazonenses que estavam preso por terem participado dos atos antidemocráticos.
“Ela [CPI] é necessária para que as dúvidas sejam dissipadas e, se for o caso, contar a estória verdadeira”, disse Plínio ao Vanguarda do Norte.
Destaca-se que no Senado há menos chances de o requerimento ir para frente, pois apesar da CPI já ter recebido assinatura suficientes, as assinaturas foram coletadas em janeiro, portanto em uma legislatura anterior, o que inviabiliza a leitura do texto no plenário.
Mesmo com todo esse impasse, o senador afirma: “mantenho minha assinatura”
Na Câmara, os deputados federais Fausto Jr. (UB) e capitão Alberto Neto (PL) também assinaram a CPMI. Fausto Jr. disse que assinou o requerimento “para dar mais transparência e esclarecimentos aos fatos que ocorreram na data em Brasília”.
Nas redes sociais, Alberto Neto disse que a CPI é importante para esclarecer alguns pontos como o motivo do governo, mesmo tendo informações sobre a possível invasão, deixar abertas “as portas do palácio, do Congresso”, disse.
“Assinei a criação da CPMI do dia 08 de janeiro, para entender o porquê do Governo Federal não ter tomado uma providência para evitar os atos do dia 08 de Janeiro”, escreveu em publicação.
Senado
Em sessão dessa quarta-feira (15) o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD) determinou a reavaliação das assinaturas.
Os senadores que ainda têm interesse em confirmar a assinatura devem fazê-lo até o final dessa sexta-feira (17), além disso, novas assinaturas em apoio ao pedido de CPI também serão aceitas.
Governo Federal
Há muitas articulações para que a CPI mista não vingue, para isso o governo federal tem se articulado para que os partidos convençam seus parlamentares a retirarem suas assinaturas em troca de “benefícios e nomeação” em cargos de decisões.
Um dos motivos que o governo alega ter para que a CPI não seja instalada é o fato de que já há investigações em andamento por parte da Polícia Federal (PF) e Ministério Público (MP).
Além disso, o governo Lula (PT) alega que a CPI irá atrapalhar ou atrasar o debate de pautas mais importantes para a sociedade e com isso ofuscar o trabalho da gestão.
Em entrevista ao Poder360, o senador petista, Humberto Costa, disse que: “o governo vai investir pesadamente para que os parlamentares sejam convencidos de que não é o melhor caminho e, se o instrumento for a retirada das assinaturas, que assim se faça”,
A pressão é maior em cima das siglas como União Brasil, MDB e PSD retirem suas assinaturas nos próximos dias, pois no total, 48 deputados federais filiados a essas siglas, que controlam nove ministérios, assinaram o requerimento.
Do total, 28 parlamentares são do União Brasil, 12 são do MDB e 8 da bancada do PSD.
Até o momento, 191 deputados e 35 senadores mantêm suas assinaturas de apoio.
Enquanto isso, CPMI e CPI são apenas motivos de conflito no Congresso.