Ainda digerindo o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, integrantes da direita brasileira admitem que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) cometeu um erro estratégico ao tratar a interlocução com a Casa Branca e o Departamento de Estado americano como um trunfo pessoal e exclusivo dele.
A avaliação é de que, ao dizer que todo o acesso do Brasil ao governo Trump passava por ele e pelo jornalista Paulo Figueiredo, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro acabou transformando em uma vitória política para Lula o encontro com o presidente americano. Isso mesmo, sem ainda haver um avanço prático sobre o recuo nas sanções impostas ao comércio e às autoridades brasileiras.
O diagnóstico é que Eduardo errou no cálculo político e ignorou as negociações que Trump vinha conduzindo com adversários geopolíticos, como Rússia e China. Ou seja, não haveria motivos para que a diplomacia brasileira, com apoio de empresários, não conseguisse também uma aproximação em algum momento.
Nesta segunda-feira (27), aliados de Lula resgataram um vídeo postado por Eduardo em que ele dizia ser a ponte do Brasil com os Estados Unidos.
“Aquilo que é estratégico, aquilo que sai do Brasil para chegar às autoridades aqui, obrigatoriamente passa por Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo. Qualquer tipo de opinião, qualquer tipo de conselho, qualquer tentativa de aproximação”, afirmou.
Mesmo entre aliados da direita, há quem avalie que esse tipo de declaração pode ter desagradado integrantes do governo americano, que podem ter tido acesso ao conteúdo por meio de lobistas contratados por setores empresariais para buscar interlocução com Trump.
Apesar do revés, aliados apostam que Eduardo Bolsonaro ainda tem chance de se recuperar caso as negociações entre Brasil e Estados Unidos não avancem ou somente parte dos pleitos do governo Lula seja atendida.
Nas redes sociais, nesta segunda-feira (27), Eduardo afirmou que não se pode “baixar as armas” diante do que chamou de “script de negociação de Trump”. E buscou minimizar o encontro com Lula, dizendo que o presidente americano também se reuniu com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e com Xi Jinping, presidente da China.
“Todas as sanções seguem. Nenhum visto foi devolvido, a Magnitsky continua aplicada. E a gente está vendo muita incompetência e sempre a mesma narrativa: toda reunião é a preparação para a próxima reunião”, escreveu Eduardo.

