Manaus (AM)– Na última semana a Câmara Municipal de Manaus (CMM) aprovou o Projeto de Lei (PL) nº 375/2022, que tem por objetivo de impedir a instalação de sistemas de medição de energia, “externos ou centralizados”, fixados nos postes. No entanto, especialistas alegam que a lei é inconstitucional. “Se o PL aprovado pelos vereadores de Manaus for transformado em uma lei, ela será considerada inconstitucional pelo Superior Tribunal Federal (STF)”, afirma o cientista político e advogado, Carlos Santiago, ouvido pelo Vanguarda do Norte nesta quarta-feira (29).
Mas nem todo mundo concorda com essa inconstitucionalidade. Santiago destaca que a Lei pode ser considerada inconstitucional porque a CMM estaria invadindo a “competência da União e do Congresso Nacional que são os órgãos responsáveis pelas legislações de contratos e concessões do Governo Federal”.
Ele relembra que uma lei semelhante aprovada na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), foi derrubada pelo STF, ano passado e enfatiza que isso também pode ocorrer com a lei da CMM.
Leia também: Justiça proíbe novamente instalação de medidores aéreos em Manaus
Os parlamentares da CMM, por sua vez, alegam que não estão legislando sobre energia elétrica, mas sobre poluição visual da cidade. Com a instalação dos Sistema de Medição Centralizada (SMC) ou sistema remoto similar pelas concessionárias do serviço de energia, a cidade fica “feia”, segundo os vereadores.
A Lei Municipal que Caio André fala é a de nº 2.208/2017 que dispõe sobre a retirada de fios que ficam nos postes e não são utilizados, a fim de evitar a poluição visual de Manaus.
O que levou os parlamentares a entender que a instalação de medidores aéreos poderia entrar nesse conceito, portanto agindo dentro Lei.
Santigo ainda frisa que existe muito populismo por traz do tema e muitos interesse político. “Quem sofre é a população no meio disso tudo. Precisamos de uma decisão definitiva , uma união de esforços para para melhorar a vida dos amazonenses”, finalizou.
Justiça do Amazonas
O Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), proibiu nessa terça-feira (28), a instalação dos medidores aéreos de energia elétrica.
O desembargador Lafayette Vieira Júnior, atendeu a um pedido da Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM), essa já é quarta vez que a Justiça proíbe a instalação dos equipamentos. A decisão tem validade até o fim da discussão da questão no Judiciário.
Mesmo com a proibição, as instalações continuaram um dia após a decisão.
Prisão
E nessa quarta-feira (29), houve uma confusão e muito protesto por parte da população no bairro Parque 10, por conta da insistência em instalar os medidores.
Toda a confusão acabou em dois funcionários de empresa de energia detidos por insistirem em instalar os equipamentos no local.
Alguns parlamentares da cidade se juntaram a população em forma de protesto. A Polícia Militar (PM) também esteve no local.
“A Polícia Militar ordenou que eles não instalassem mais […]. Está aqui a decisão do desembargador. A decisão vai ser cumprida, custe o que custar”, destacou o deputado Mário César Filho (UB), com o papel nas mãos.
O vereador Sassá da Construção (PT), também esteve no local e conforme ele, foi chamado pela população por estarem sendo intimidados por funcionários da concessionária de energia.
“Infelizmente, a empresa está brincando e essa brincadeira pode custar ‘caro’ pra ela, porque ninguém mexe com a população”, afirmou o vereador, antes de deixar o parlamento.
Sinésio Campos se juntou aos colegas parlamentares e divulgou em suas redes sociais que está nas ruas fiscalizando, para que segundo ele, não seja instalada os “medidores da vergonha”.
“Estamos nas ruas cumprindo a lei e não deixando que essa empresa siga instalando os medidores aéreos. Vamos continuar com a nossa luta!”, escreveu o deputado estadual.
Dentro da normalidade
Conforme o especialista em direito do consumidor, Flávio Terceiro “a decisão proferida em sede de liminar no processo movido pela Defensoria Pública ainda não foi publicada, e apesar de seu teor ser um fato público e notório, a empresa alega não ter ciência em razão dessa tecnicalidade.
Segundo o especialista, as instalações continuaram com base nesses argumentos, logo, assim que a decisão for publicada ou com a lei ser sancionada “a instalação terá que ser suspensa.
Terceiro enfatiza que apesar do tema ser de teor federal, “o plano diretor é assunto municipal, e a lei aprovada versa justamente sobre a poluição visual, estando dentro do que os vereadores poderiam agir”.
E a confusão, por hora, não tem data para acabar tão cedo.