Rodrigo de Melo Teixeira, ex-superintendente da Polícia Federal (PF) em Minas Gerais, foi preso na operação deflagrada pela PF nesta quarta-feira, 17, para apurar corrupção em órgãos ambientais. A operação, batizada de Rejeito, cumpre 22 mandados de prisão e outros 79 mandados de busca e apreensão, além do afastamento de servidores públicos.
Teixeira foi nomeado no início da gestão do atual diretor-geral Andrei Rodrigues e ocupava a função de diretor de Polícia Administrativa. Era o terceiro nome no nível hierárquico da cúpula da PF. Ele deixou o cargo no final do ano passado.
Ele exercia no momento a função de diretor de administração e finanças do Serviço Geológico do Brasil/Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (SGB/CPRM).
Segundo a PF, ele é administrador oculto de uma empresa de mineração e mantinha negócios com os alvos investigados. A investigação aponta que os fatos sob suspeita foram realizados por Rodrigo Teixeira quando ele era diretor da Polícia Federal na gestão de Andrei Rodrigues.
A investigação diz ainda que o delegado usava suas funções públicas para favorecer seus interesses. Cita, por exemplo, tentativas de interferência em investigações da própria PF que miravam empresários sob investigação.
O inquérito chegou ao nome de Rodrigo Teixeira por causa de seu relacionamento com um dos empresários investigados, João Alberto Lages. A partir disso, a PF identificou uma empresa de mineração ligada a ele e diz que empresários cederam direitos minerários a essa empresa, em troca da influência de Rodrigo Teixeira na administração pública.
“Essa cessão, embora documentada como ‘gratuita’, foi possivelmente movida por interesse concreto: contar com a atuação de um Delegado Federal no interior da estrutura empresarial, como forma de obter acesso diferenciado a órgãos públicos, prestígio perante possíveis compradores, garantia de proteção diante de concorrência ou, ainda, investigações em curso. Trata-se de oferta de vantagem indevida por parte de particulares a agente público”, segundo o trecho do pedido de prisão.
A PF cita, por exemplo, que quando Teixeira era diretor da corporação em Brasília, ele agendou uma reunião entre o empresário João Lages e um diretor da Agência Nacional de Mineração para conversar sobre uma investigação em andamento. A investigação também aponta que Teixeira pode ter atuado para remover o delegado responsável pelo caso.
A investigação aponta ações criminosas que rendiam ao grupo ao menos R$ 1,5 bilhão, mas a PF destaca que foi identificado projetos em andamento vinculados à organização criminosa com potencial econômico superior a R$ 18 bilhões.
As suspeitas envolvem servidores públicos da Agência Nacional da Mineração (ANM) e do Iphan, além de órgãos estaduais do governo de Minas Gerais.