BRASÍLIA- A comissão mista do Congresso Nacional criada para analisar a medida provisória que trata da reestruturação do Poder Executivo (MP 1.154/2023) aprovou o plano de trabalho do relator, deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL), nesta quinta-feira (13).
Após a aprovação do plano, a comissão realizou a primeira audiência pública, ouvindo representantes do governo. Na próxima terça-feira (18), será realizada a segunda audiência pública, desta vez com a participação de representantes da sociedade civil. O plano prevê a votação do relatório no dia 25 de abril.
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A MP fixa o número de ministérios em 31 e prevê outros seis órgãos com status de ministério ligados à Presidência da República. O governo de Jair Bolsonaro contava com 17 ministérios e seis órgãos com status de ministério.
O secretário executivo adjunto do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Adauto Modesto Junior, ressaltou que a reestruturação é fruto de debates ocorridos durante o período de transição dos governos e se dá sem aumento de despesa pública. Dos 37 órgãos previstos na medida provisória, 13 já existiam na gestão anterior, 19 foram criados por desmembramento de pastas, 2 foram renomeados e 3 foram criados.
Isso foi possível mediante o remanejamento e a transformação de cargos de confiança que já existiam na estrutura administrativa anterior do Poder Executivo Federal — afirmou.
Já o secretário executivo adjunto da Casa Civil da Presidência da República, Pedro Pontual, destacou que a opção do governo é por uma estrutura mais horizontal.
Por sua vez, a secretária adjunta de Gestão e Inovação do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Kathyaba Buonafina, esclareceu as regras de requisição de servidores pelos ministérios novos, pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados, que recentemente foi convertida em agência e ainda não tem quadro próprio.
Terras indígenas
O senador Esperidião Amin (PP-SC) criticou o trecho da MP que prevê, como competência do recém-criado Ministério dos Povos Indígenas, a demarcação das terras e dos territórios indígenas. Ele defende que a competência fique com o Ministério da Justiça. O secretário Pedro Pontual argumentou que o Ministério dos Povos Indígenas é composto por pessoas especialistas no tema, o que garante mais eficiência no atendimento das populações indígenas.
Pontos a serem negociados
O relator Isnaldo Bulhões Jr. afirmou que o objetivo da MP é que as políticas públicas cheguem na ponta, para “aqueles que mais precisam”, sem “aumento da máquina pública ou das despesas”. Porém, ele pediu ao governo um quadro comparativo que comprove a manutenção dessas despesas. Sobre as 154 emendas recebidas, ele afirmou que “o governo já está bastante atento e debruçado neste momento sobre o conjunto de sugestões”.
Entre as questões polêmicas levantadas pelos parlamentares, ele citou a divisão das políticas públicas de segurança hídrica entre os Ministérios da Integração e do Meio Ambiente, competências estas que já foram modificadas pela MP 1161/2023. Além disso, há também a transferência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, e a transferência do Serviço Florestal do Mapa para o Ministério do Meio Ambiente. Segundo o relator, são alguns pontos que deverão ser negociados.
Conab
O secretário Adauto Modesto Junior afirmou que o modelo que está sendo construído para a Conab é o de compartilhamento de competência e sinergia de atuação.
“Há um diálogo em curso, uma concertação já bem encaminhada entre o Ministério da Agricultura e o MDA, que se reflete inclusive numa composição compartilhada na diretoria da companhia e que vai executar esse seu mandato de natureza diversa de maneira organizada e confluente pelas duas pastas”, apontou.
Funasa e MPs
O deputado Danilo Forte (União-CE) manifestou preocupação com a extinção da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), feita pela MP 1156/2023. As competências da fundação foram alocadas dentro do Ministério das Cidades e da Saúde. Forte disse considerar que a extinção da Funasa “é de uma radicalidade muito grande, para uma experiência que não atende à demanda dos pequenos municípios”.
Modesto Junior salientou que o Tribunal de Contas da União (TCU) já apontou dificuldades da Funasa para executar suas funções. Segundo ele, o modelo da Funasa não está alinhado ao novo marco regulatório do saneamento aprovado pelo Congresso.
O relator explicou que está sendo discutida, na negociação da MP 1154/2023, “a possibilidade de absorver outras medidas provisórias nesta, para simplificar e otimizar o andamento e a apreciação das matérias encaminhadas pelo Executivo”.
Prazo
Editada no primeiro dia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a MP 1154/2023 já teve o prazo prorrogado e precisa ser votada pela comissão mista e pelos Plenários da Câmara dos Deputados e do Senado até o dia 1° de junho, se não perderá a validade.
*Com informações da Agência Câmara de Notícias