O governo tenta reorganizar a base aliada no Congresso a partir da desocupação de cargos regionais em diversos órgãos.
Desde a sexta-feira (10), o Diário Oficial da União tem publicado exonerações de funcionários indicados por parlamentares que traíram o Palácio do Planalto em votações como a da retirada de pauta da Medida Provisória que aumentava a tributação de bets, fintechs e letras de crédito.
O governo pretende distribuir as vagas para quem realmente está entregando votos, ajudando a recompor a base a partir da ampliação de composições com quem quer vir para a base. A ideia é trazer os ausentes e fortalecer aqueles aliados que votaram favoravelmente.
Fontes do Planalto e do Congresso ouvidas pela CNN afirmam que a votação da MP foi considerada um “divisor de águas” da infidelidade. Um último teste de paciência é uma consequência natural que vinha sendo alertada por articuladores do governo. A votação contou com 251 favoráveis votos e 193 contrários.
Entre integrantes da base aliada que votam com o Planalto, a notícia das exonerações tem sido bem recebida. Muitos cobravam uma reação do governo diante de quem tem cargos, mas vota contra aquilo que o Planalto orienta.
Nomes do PSD começaram a ser atingidos. O partido orientou para que a medida provisória não fosse votada. A matéria era importante para o governo ter um cenário fiscal mais aliviado, com cerca de R$ 17 bilhões a mais, no eleitoral de 2026.
Na Caixa Econômica Federal, indicados por partidos como PP e até o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, também foram demitidos dos cargos.
O agora ex-consultor da presidência do banco José Trabulo Junior, por exemplo, era ligado ao presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI). Ex-ministro de Bolsonaro, o senador foi um dos principais articuladores contra a MP e tenta viabilizar uma candidatura da direita para fazer oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.