O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (24) que grupos políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro estão atuando para impedir o início das negociações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, no contexto da tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros.
Em entrevista à Rádio Itatiaia, Haddad responsabilizou diretamente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o influenciador Paulo Figueiredo pela tentativa de boicote.
“Vocês brasileiros que pensam que estão fazendo bem pelo Brasil, estão fazendo bem para uma família. Vocês perderam uma eleição, deixem o governo negociar”, disse o ministro. “Saiam do caminho, desimpeçam o caminho para que a mesa de negociação possa ser restabelecida, como estava há 60 dias.”
Haddad também cobrou governadores que mantêm laços com a direita e com Trump, sugerindo que usem sua influência para conter o boicote político promovido pelo bolsonarismo.
“Vários governadores no Brasil celebraram a eleição do Trump, botaram o boné do Trump. Está tudo bem, cada um faz o que quer. Isso aqui é uma democracia. Mas essas pessoas deviam se mobilizar junto ao Bolsonaro, para que o Paulo Figueiredo, o Eduardo Bolsonaro parem de militar contra o Brasil”, afirmou.
Para o ministro, a obstrução política liderada por aliados do ex-presidente prejudica diretamente a reabertura de canais com Washington.
“Se os governadores buscarem interlocução e sensibilizarem esses personagens, tudo isso acaba muito rapidamente. O presidente Lula é um craque em negociação. O Itamaraty, o vice-presidente Alckmin, são pessoas absolutamente sensatas”, declarou.
Medidas estaduais
Haddad também comentou os planos de contingência anunciados por alguns estados, como São Paulo, que lançou uma linha de crédito de R$ 200 milhões para tentar amortecer os efeitos da tarifa sobre exportadores. Apesar de elogiar o esforço, o ministro ponderou que ações locais têm alcance restrito.
“O comércio com os EUA é de US$ 40 bilhões. Essa linha representa US$ 40 milhões. Não é para minimizar o esforço de um governador ou outro, é para que as pessoas tenham noção da escala”, afirmou.
“É bom quando um governador manifesta interesse, porque até outro dia estavam fazendo coro com o governo dos EUA. O fato de que agora estão preocupados nos ajuda, une o país em torno de um objetivo.”