Após nova operação da PF (Polícia Federal) que mira parlamentares, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta sexta-feira (19) que é papel do Poder Judiciário investigar suspeitas. Ele afirmou, no entanto, que cabe à Casa monitorar “exageros” e atuar com para “evitar possíveis abusos”.
De acordo com Hugo Motta, é preciso haver uma “linha” de divisão clara entre o que é investigação e o que é “exagero, do ponto de vista de decisões”. Ao longo deste ano, operações contra parlamentares tensionaram as relações e motivaram amplas críticas no Congresso.
“Vamos seguir dessa forma, com muito equilíbrio, com muita seriedade, posicionando a Câmera com firmeza para evitar possíveis abusos que venham a acontecer. Esse é o nosso papel, mas, repito, não temos compromisso em proteger aquilo que não é correto. Se tem suspeita, que se investigue. Se tem culpa, que se puna. Porque esse é o papel do Poder Judiciário, esse é o papel dos nossos órgãos de controle”, disse em café com jornalistas.
Hugo Motta evitou comentar sobre a ação que mirou os deputados Carlos Jordy (PL-RJ) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) por desvio de cota parlamentar nesta sexta. Ele declarou não fazer “pré-julgamentos” sobre investigações de parlamentares e afirmou ter sido avisado, por telefone, sobre a operação pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
“O Supremo está no papel de investigar. Nós temos os órgãos que auxiliam o Supremo, o Ministério Público do Federal, a Polícia Federal, a CGU [Controladoria-Geral da União], estão aí para poder acompanhar todos esses assuntos envolvendo investigações de parlamentares e, na verdade, o Supremo nesse aspecto tem que cumprir o seu papel do Poder Judiciário”, disse.
Para Hugo Motta, cabe à presidência da Câmara acompanhar eventuais “exacerbações” e atuar com diálogo, que classificou como o “melhor caminho”. Na visão dele, eventuais “exageros” dos Poderes não são positivos para o país.
“Acho que essa linha precisa ser estabelecida. Porque quando há exagero, seja do Supremo, seja do próprio Poder Legislativo, em qualquer ponto da relação, isso é ruim para o país. Repito, nós respeitamos o papel do Supremo, não temos compromisso com quem não trabalha correto. E vamos sempre acompanhar na presidência da Câmara para que exageros não sejam cometidos”, declarou.
Sobre a atuação institucional do STF, o presidente da Câmara afirmou haver uma relação de respeito e diálogo com o Congresso. Ele disse, no entanto, que é “natural” haver divergências entre os Poderes.
“A Câmara não tem compromisso em estar protegendo aquilo que não é correto. A Câmara dos Deputados não tem essa função, muito menos o presidente. Claro, quando a gente tem um colega que é alvo de qualquer ação no Judiciário, seja qual for, nós não ficamos felizes com isso. Ninguém fica feliz com isso, mas o Judiciário está cumprindo seu papel e nós não vamos aqui estar defendendo aquilo que não se pode defender”, afirmou.

