BRASIL – Há 25 anos, em 1999, o Brasil foi pioneiro ao aprovar uma legislação que permitia a comercialização de medicamentos genéricos, estabelecendo um novo momento na indústria farmacêutica. Esses medicamentos são bioequivalentes aos produtos de referência, ou seja, contêm os mesmos princípios ativos e têm a mesma eficácia, mas são comercializados com preço bem menor, aumentando consideravelmente a acessibilidade a tratamentos. Desde então, o país celebra, em 20 de maio, o Dia Nacional do Medicamento Genérico.
A data foi criada para ressaltar a importância dessa política de saúde considerada exitosa, embora ainda haja desafios na sua aplicação, como a desinformação a respeito da eficácia desse tipo de medicamento e o desconhecimento sobre seu funcionamento.
“A diferença entre o medicamento de referência e o genérico é somente o nome de marca da indústria, pois ambos precisam ter o mesmo princípio ativo, a mesma fórmula. Com isso, sabemos que o genérico é confiável e possui eficácia comprovada, causando os mesmos efeitos terapêuticos vistos no medicamento de marca”, explica o supervisor farmacêutico da rede de farmácias Santo Remédio, Arthur Emídio.
Desde a aprovação da Lei dos Genéricos (9.787/1999), o país passou a ver, ano após ano, esse produto crescer e se tornar o preferido dos brasileiros. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (ProGenéricos), os medicamentos desta classe cresceram 5% nas vendas em 2023, totalizando 1,9 bilhão de unidades comercializadas. As categorias mais comuns foram aquelas para tratar doenças crônicas, como hipertensão, colesterol e doenças do sistema nervoso central.
Conforme a ProGenéricos, a legislação prevê que os genéricos sejam, pelo menos, 35% mais baratos que os medicamentos de referência. Na prática, porém, esses produtos chegam a ter preços 67% menores. Arthur Emídio esclarece que essa diferença no custo pode ser explicada pelo processo de produção de um genérico.
“Os genéricos são mais baratos porque não requerem investimentos significativos em pesquisa e desenvolvimento, já que aproveitam os dados de eficácia e segurança dos medicamentos de referência. Além disso, é proibido o uso de marca e propaganda, e essa economia gerada é direcionada para o preço do medicamento, que fica ainda mais barato”, afirma o supervisor farmacêutico.
Uso
Sabendo da eficácia dos genéricos, a pergunta que surge é como fazer o seu uso. Arthur Emídio explica que o médico pode prescrever o produto em receita, mas há também a possibilidade de o paciente pedir orientação de um farmacêutico.
“Os farmacêuticos são orientados a prestar este tipo de assistência e a indicar opções mais baratas de medicamentos, o que inclui os genéricos. Vale reforçar que o objetivo é apenas alcançar uma economia para o cliente, já que o genérico terá os mesmos efeitos do medicamento de marca”, comenta.
Ele destaca que também é possível fazer a substituição de um medicamento de referência por um genérico mesmo que o tratamento tenha sido iniciado. “Novamente, como ambos são bioequivalentes, não há problema em fazer a substituição mesmo se já tiver iniciado o tratamento. Basta pedir a orientação de um profissional habilitado, como um farmacêutico”, afirma.
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