O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta sexta-feira (9) com o presidente russo Vladimir Putin no Kremlin, em Moscou. Durante o encontro, Lula criticou a política tributária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e destacou o interesse do Brasil em aprofundar parcerias com a Rússia em diversas áreas, incluindo defesa, tecnologia, energia e comércio.
Lula está na Rússia para participar da celebração dos 80 anos do Dia da Vitória, um evento que marca a rendição da Alemanha nazista à União Soviética e aos aliados na Segunda Guerra Mundial. Organizado pelo governo russo, o evento é uma tentativa de Putin de mostrar apoio internacional em meio ao isolamento diplomático causado pela guerra com a Ucrânia.
No encontro com Putin, Lula destacou que a recente decisão dos Estados Unidos de adotar barreiras tarifárias a produtos de mais de 180 países, incluindo o Brasil, prejudica o princípio do livre comércio e do multilateralismo. ‘As últimas decisões anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos de taxar o comércio com todos os países do mundo, de forma unilateral, jogam por terra a grande ideia do livre comércio’, afirmou o presidente brasileiro.
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Lula ressaltou o interesse do Brasil em ampliar o comércio com a Rússia, que atualmente tem um fluxo de US$ 12,5 bilhões, mas é “bastante deficitário” para o Brasil. Um dos principais produtos importados são fertilizantes, essenciais para o agronegócio brasileiro. O presidente brasileiro também mencionou áreas como defesa, tecnologia espacial e educação como setores promissores para a cooperação entre os dois países.
“Essa minha visita aqui é para estreitar e reforçar, com muito mais força, a nossa construção de uma parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, comerciais, culturais e científico-tecnológicos com a Rússia”, declarou Lula.
A visita de Lula à Rússia gerou críticas da oposição brasileira, que questionou o encontro com Putin em meio à guerra com a Ucrânia. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky também criticou a posição de Lula, afirmando que o brasileiro adota uma postura pró-Rússia.
Lula defende uma solução negociada para o conflito, mas sua proposta tem encontrado resistência entre os países ocidentais e o governo ucraniano. O presidente brasileiro reforçou que o Brasil, como membro do Brics — grupo que reúne também a Rússia, China, Índia, África do Sul e outros países emergentes — tem interesse em promover o diálogo e o equilíbrio nas relações internacionais.