Indicado a uma cadeira do STF (Supremo Tribunal Federal) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jorge Messias investe em conversar com duas alas de senadores que estão entre as mais resistentes ao seu nome: evangélicos e opositores.
Messias procurou o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, senador Carlos Viana (Podemos-MG), para um encontro com a bancada. No entanto, segundo Viana, após ligações aos 17 senadores que contemplam a frente evangélica do Senado, a maior parte dos parlamentares não quer encontrar Messias.
Embora seja evangélico, parte do grupo enxerga Messias como “um petista antes de ser um evangélico”, numa narrativa excludente entre os dois fatos, para tentar desqualificá-lo.
Messias também procurou dois dos principais partidos de oposição a Lula no Senado: PL (Partido Liberal) e Novo, que formam o bloco parlamentar Vanguarda, com 16 senadores. A previsão é que um encontro com integrantes do bloco acontecesse nesta terça-feira (2). Segundo relatos, porém, senadores do grupo ainda resistem a estar com o candidato ao Supremo.
Nesta segunda (1º), Messias também já conversou com senadores de oposição. Entre eles, Izalci Lucas (PL-DF), apurou a CNN.
Outro fator que tem contribuído para a resistência de senadores a Messias é o fato de ele, como advogado-geral da União, ter atuado em defesa do governo contra decisões do Congresso, como na crise da alta do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Também pesa o trabalho em prol de maior transparência no processo de emendas, no qual a AGU acaba por analisar a legalidade e a conformidade das operações, o que reforça ainda mais o atrito entre os Poderes.
Nesta segunda, o presidente Lula almoçou com o senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator da indicação de Messias ao Supremo. O almoço no Palácio do Planalto ficou de fora da agenda oficial, mas foi o primeiro passo de Lula para entrar diretamente nessa articulação.
Weverton é articulador influente e próximo ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Ele já sinalizou que dará um parecer favorável a Messias — até por ser um dos vice-líderes do governo no Senado e ter ligações com Flávio Dino, outro ministro do Supremo indicado por Lula.
No entanto, o Planalto ainda busca mapear as resistências existentes e, para isso, amenizar a crise vivida com Alcolumbre.
O presidente do Senado preferia o colega Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao cargo e marcou a sabatina de Messias para o dia 10, tempo curto na avaliação de governistas. Mas, a votação pode ficar para o ano que vem porque o Planalto ainda não mandou os papéis necessários ao Senado para oficializar a indicação.
Em um tom atípico, ainda mais para um domingo, Alcolumbre soltou nota em que diz causar “perplexidade” essa ausência da mensagem, “o que parece interferir indevidamente no cronograma estabelecido”. Ele ainda reclama da narrativa de que teria interesses em cargos e emendas.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, logo procurou colocar panos quentes. Pelas redes sociais, afirmou que o Planalto jamais consideraria rebaixar a relação a fisiologismo ou negociações, e que o governo repele essas insinuações.

