Manaus (AM) –De vereador de Manaus a vice-presidente na Câmara dos Deputados em Brasília. Essa é uma das várias conquistas na vida política do ex-parlamentar Marcelo Ramos (PSD). Atualmente, Ramos decidiu dar uma pausa na política, mas por ter grande relevância no cenário da política amazonense e nacional, o nome dele ainda é muito citado nos bastidores para ocupar cargos importantes.
Marcelo Ramos ganhou destaque nacional ao ser eleito deputado federal e em 2021 ser escolhido como vice-presidente na Câmara Federal, ao lado de Arthur Lira.
Na Câmara ele teve vários embates contra o ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL), e em discursos que defendeu a Zona Franca de Manaus (ZFM) acusou Bolsonaro de querer acabar com o modelo econômico do Amazonas, além de criticar as tentativas do governo de colocar dúvidas nas urnas eletrônicas.
Por conta dessas e outras discussões, o ex-deputado federal foi alvo de várias críticas vindo de apoiadores de Bolsonaro.
Contudo, não baixou a guarda e se manteve firme frente às críticas, o que rendeu a ele também apoio e o fez ser ainda mais notado dentro do Congresso Nacional.
Trajetória política
O ex-deputado federal pelo Amazonas é formado em direito, mas o gosto por política começou quando ele ainda era estudante de ensino médio no movimento estudantil e ganhou força quando ele entrou para a faculdade, onde cursou direto e presidiu o centro acadêmico.
E em 2008, filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e ele conseguiu emplacar seu primeiro cargo na política de Manaus, ao conquistar uma vaga de vereador na Câmara Municipal de Manaus (CMM).
Já em 2010 pelo PSB, Ramos foi eleito deputado estadual no Amazonas.
Tentando voos mais altos, em 2014 se candidatou ao governo do estado, mas sem apoio acabou perdendo, mas surpreendeu ao ficar em terceiro lugar na disputa eleitoral.
Em 2016 disputou as eleições para a prefeitura de Manaus, desta vez, com mais força, ele conseguiu levar o embate para o segundo turno, mas perdeu para o para Arthur Virgílio (PSDB-AM).
E em 2018, finalmente foi eleito deputado federal com mais de 106 mil votos. Ficou com a sexta das oito vagas destinadas ao Amazonas na Câmara Federal.
E foi no cargo que ele se destacou, fez alianças e mesmo não conseguido a reeleição no pleito passado tem sido um nome forte na política.
Entrevista
Marcelo Ramos falou com o Portal Vanguarda do Norte e contou um pouco sobre as expectativas levantadas com o nome dele em relação a assumir o cargo de desembargador do TRF1 e sobre a pausa que ele estar dando na vida política e sobre sua trajetória.
Ramos na última semana deixou claro, em uma publicação, que iria se afastar da carreira pública para se dedicar “aos seus” e conforme ele, já dedicou anos de sua vida para cuidar dos outros.
Ao Vanguarda ele reforçou que a vida na política tem porta de entrada e saída e disse:
“Quem faz política tem que saber que isso não pode ser meio de vida e quem ela tem porta de entrada e de saída”.
Vanguarda do Norte- O senhor se candidatou ano passado e contou com o apoio do presidente Lula, mesmo assim não conseguiu reeleição. O que o senhor acha que aconteceu para que não fosse eleito?
Marcelo Ramos- Eu escolhi o lado da defesa da democracia e do combate à pandemia e isso me colocou em confronto com o governo Bolsonaro que estava muito forte em Manaus que foi sempre minha principal base eleitoral, talvez isso explique um pouco eu ter perdido 30 mil votos em Manaus em relação a 2018. Mas eu fiz o que tinha que ser feito e faria tudo de novo. A democracia e a vida das pessoas são maiores que meu mandato. Respeito a decisão do povo.
VDN- O que está achando desses primeiros meses do Governo Lula? Acredita que a “lua de mel ” com os brasileiros pode durar muito tempo?
Marcelo Ramos- Penso que o governo ainda tem dificuldades de tração. A dificuldade na formação de base no congresso, a não nomeação dos postos nos Estados e a política de juros do Banco Central atrapalham esse começo. Mas já está claro que os mais pobres e o resgate dos programas sociais estão no centro do governo. Vai dar certo.
VDN- O senhor tem uma boa relação com o presidente Lula. Em alguma conversa o senhor já deu conselhos a ele sobre o Amazonas?
Marcelo Ramos- Quem sou eu para dar conselhos ao presidente da república. Já conversamos sobre Amazonas, mas não com conselhos.
VDN- Ainda falando do governo Lula, na sua opinião o que impede Lula de definir logo um nome para a superintendência da Suframa?
Marcelo Ramos- Será definido nos próximos dias. Na verdade, não é só a Suframa, nenhum cargo foi nomeado no Amazonas e em nenhum Estado, salvo o Superintendente da Polícia Federal.
VDN- Recentemente seu irmão foi empossado para a Superintendência da Polícia Federal. O senhor conversa com ele sobre tráfico de drogas e garimpo ilegal em terras indígenas no Amazonas?
Marcelo Ramos- Sim. Conversamos como irmãos, mas não tenho qualquer influência sobre as decisões dele. Ele tem clareza de que a prioridade deve ser combate ao tráfico na fronteira, ao garimpo ilegal e aos crimes ambientais.
VDN- O Brasil no início do ano foi alvo de uma tentativa de violação à democracia com os ataques a praça dos três poderes por parte de bolsonaristas. O senhor teme o futuro da nossa democracia?
Marcelo Ramos- Nossas instituições se reafirmam a cada ataque. Os inimigos da democracia não vencerão.
VDN- Todos esses ataques tiveram um incentivo indireto do ex-presidente Bolsonaro. O senhor acha que esse retorno dele ao Brasil pode inflar ainda mais a polarização política que o país vive?
Marcelo Ramos- Claro que a presença dele instiga os bolsonaristas radicaloides, mas ele deixou claro ao fugir que não cumpre os requisitos para ser um líder, além dos mais os desvios morais vão sendo desnudados (as joias são um exemplo disso) e muitos vão se desiludindo com ele também.
VDN- O seu nome vem sendo especulado para ocupar o cargo de desembargador do TRF1, inclusive com o apoio de Lula. O senhor recebeu esse convite? E se recebeu pretende aceitar?
Marcelo Ramos- Não sei de onde surgiu isso. Não houve qualquer conversa e não está no meu horizonte.
VDN- Há pouco tempo o senhor foi vice-presidente da câmara federal e chegou a dizer que sonhavam com uma candidatura a presidente do Brasil e hoje está querendo dar um tempo. O senhor acredita que a política é um caminho sem volta?
Marcelo Ramos- Quem faz política tem que saber que isso não pode ser meio de vida e quem ela tem porta de entrada e de saída. Quem faz disso seu meio de vida joga qualquer jogo é ser perde no caminho. Eu cumpri a minha missão, dediquei o meu melhor, fui o mais relevante deputado da história do Amazonas. Agora é hora de trilhar outros caminhos.
VDN- Nesta terça-feira o senhor declarou que não pretende se candidatar nas próximas eleições, mas se caso surgi convite ou indicação do seu nome para uma candidatura, afinal o senhor tem um vasto currículo na política, o senhor repensaria voltar à vida pública?
Marcelo Ramos- Disputar eleição não está nos meus planos.