Bolsonaristas, ouvidos pela imprensa, relataram que as ações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, têm estimulado parcelas da sociedade a fazer comparações entre as decisões aplicadas anteriormente pela Suprema Corte. Para políticos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), isso tem sido visto com bons olhos e estará no centro do debate eleitoral de 2026, independentemente do ex-mandatário permanecer inelegível ou não.
Segundo os relatos à reportagem, medidas como a pena prevista, de 14 anos, à mulher que pichou a estátua do STF com a frase “perdeu, mané”; inquéritos abertos sem previsão de término; declarações do ministro contra a direita; prisão do assessor Filipe Martins por uma viagem que ele não teria feito; entre outros pontos, reforçam a tese de que a Constituição não é seguida e o que prevalece é a opinião e interpretação de um juiz.
Aliados de Bolsonaro afirmam que têm notado aumento de adesão a lives e de compartilhamento de conteúdos da direita. A internet é o canal usado por bolsonaristas para apontar o que consideram abusos e contradições do Supremo.
Nos últimos dias, vídeos mostrando condenações da época do Mensalão e da Lava Jato viralizaram. Bolsonaristas compararam penas de condenados do esquema envolvendo a Petrobras ao julgamento da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, mulher que pichou a estátua com um batom no dia 8 de janeiro de 2023.
Um parlamentar de direita disse à imprensa, sob reserva, que parte da sociedade interpreta essa comparação como fruto de perseguição política e impunidade em casos de corrupção. Por isso, independentemente de Bolsonaro ter a denúncia arquivada ou se tornar réu, em ação penal pelo 8 de Janeiro, com eventual condenação ainda neste ano, o apoio ou o rechaço a essa decisão do STF, e à própria atuação de Moraes, será um tema a ser explorado nas eleições de 2026.
Políticos de extrema direita, de direita e de centro já avaliam que o STF será um dos critérios para o eleitor escolher os candidatos que assumirão postos de deputado federal e senador a partir de 2027. O próprio Bolsonaro tem colocado a eleição para as duas vagas por estado ao Senado como uma das prioridades, já que a Casa é responsável por sabatinar, aprovar ou abrir processo de impeachment contra autoridades como ministros do Supremo.