A postura do secretário de Estado americano, Marco Rubio, na reunião desta quinta-feira (16) com o chanceler Mauro Vieira é considerada uma incógnita por integrantes do governo Lula. O resultado do encontro definirá o futuro do movimento de aproximação entre Brasil e Estados Unidos.
Embora haja uma perspectiva de avançar na negociação para rever as sanções impostas pelos Estados Unidos, a dúvida é se Rubio adotará um comportamento mais ideológico, priorizando questões políticas, ou se seguirá os sinais emitidos até aqui por Donald Trump na busca por um acordo, especialmente na área comercial.
O encontro entre o chanceler brasileiro e o secretário de Estado americano está previsto para ocorrer na tarde desta quinta-feira, na Casa Branca. A agenda é tratada com cautela pelo Itamaraty e pelo Palácio do Planalto,
Pelo Brasil, além de Vieira, devem participar a embaixadora em Washington, Maria Luiza Viotti; o secretário de Meio Ambiente e Energia, embaixador Maurício Lyrio, que atuou como sherpa no G20 e no Brics; e o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, o embaixador Philip Fox-Drummond Gough.
Pelos Estados Unidos, Rubio deverá ser acompanhado do representante comercial dos EUA, Jamieson Greer.
Na véspera do encontro com Vieira, Greer disse que as tarifas impostas ao Brasil estão relacionadas a “sérias preocupações com o Estado de Direito” no país.
“Há uma tarifa de 40% sobre o Brasil, que está em vigor sob uma emergência separada, relacionada a sérias preocupações com o Estado de Direito, censura e direitos humanos no Brasil. Um juiz brasileiro assumiu para si a autoridade de ordenar que empresas americanas se censurem, emitindo ordens secretas para controlar o fluxo de informações”, disse Greer.
O representante comercial não citou diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Porém, o relator da ação do plano de golpe e sua mulher foram sancionados pela Lei Magnitsky.
A declaração de Greer animou a direita brasileira, que insiste que os afagos de Trump a Lula fazem parte de uma estratégia de negociação.
O presidente americano disse, no palco da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em setembro, que os dois tiveram uma “excelente química” após uma conversa rápida.
Para bolsonaristas, Rubio tratará de “temas espinhosos” para o governo Lula, como Venezuela e China, e não deverá deixar de abordar as questões políticas no Brasil.
Até aqui, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe, não tem sido mencionado nas conversas entre os presidentes nem entre os representantes da diplomacia dos dois países.
Nesta quarta-feira (15), na véspera do encontro entre Rubio e Vieira, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o jornalista Paulo Figueiredo se reuniram com representantes do Departamento de Estado dos EUA.
Em vídeo publicado após o encontro, Figueiredo disse que a visita deles é prova de que seguem com as portas abertas no órgão americano.
Eduardo, por sua vez, afirmou estar convicto de que os EUA seguirão “trabalhando para reduzir o poder de regimes totalitários e pessoas que censuram e atrapalham a vida das empresas americanas”.