O presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), André Corrêa do Lago, afirmou nesta quarta-feira (6) em evento na Câmara que os preços de hospedagem em Belém, no Pará, “realmente estão muito acima do que de outras COPs”, mas salientou que o governo está buscando uma solução para o problema.
Corrêa do Lago esclareceu que o assunto compete à Secretaria Extraordinária para a COP30 do governo federal, que, segundo ele, vem discutindo o assunto sob o ponto de vista legal — mesmo sabendo que a legislação brasileira permite a prática de preços pelos hotéis.
O embaixador ainda citou desafios que ocorreram em outros países que sediaram a conferência anteriormente como a França. “É uma coisa que para qualquer cidade é disruptiva”, ponderou. Ainda de acordo com Corrêa do Lago, o imbróglio está muito mais relacionada com o preço do que com a oferta de acomodações.
“Tudo está muito acima do que acontece em outras COPs. Ou seja, nas outras COPs a estimativa […] é que os preços dobram ou multiplicam por três. E, aí, essa discussão toda, esse debate todo está vindo porque os países que estão procurando para fazer reserva estão vendo que os preços são 10, 15 vezes maiores do que os hotéis oferecem”, prosseguiu.
Em outro momento, o embaixador afirmou não haver um plano B para sediar o evento — em resposta à pergunta sobre uma possível mudança de sede.
“Eu tenho dito que não há ‘plano B’, o ”plano B’ é Belém. Então, ‘B’ de Belém”, afirmou.
Corrêa do Lago prestou informações na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara. Mais cedo, ele falou na solenidade de abertura da II Cúpula Parlamentar de Mudança Climática, no Senado.
Hospedagem em Belém
Ao longo das últimas semanas, delegações estrangeiras têm pressionado pela mudança da sede da COP30. Por trás dos apelos estão os altos preços cobrados por hotéis da capital paraense durante o evento, previsto para novembro de 2025.
O governo do Pará e representantes do setor hoteleiro se reuniram nesta semana para discutir a criação de novos leitos na capital paraense e os valores que têm sido aplicados nas diárias. Segundo nota conjunta, um mapeamento de hospedagens também foi feito e pode ajudar em fiscalizações.
Nesta quarta, Côrrea do Lago reiterou a “importância da presença em Belém” e da participação internacional na COP.
“Queria reiterar a importância da presença em Belém, uma cidade incrível, com uma história extraordinária e que vai nos receber em novembro no pleno coração da Amazônia”, afirmou o embaixador.
Momento de ajuste
No evento do Senado, Corrêa Lago mencionou a saída dos EUA do Acordo de Paris e disse que conferência será momento de enfrentar desafios como esse.
“O multilateralismo climático tem encontrado soluções, mas também enfrentado significativos desafios. Nós acreditamos que a COP30 vai ser uma ocasião muito particular de nós podermos ajustar a melhor maneira de usar esses instrumentos. E a melhor maneira de usar esses instrumentos é a ação, é a implementação”, ponderou.
- Ao tomar posse, Trump anunciou a retirada do país do Acordo de Paris — que busca manter o aquecimento global do planeta bem abaixo de 2ºC —, como fez no seu primeiro mandato, alegando que ele prejudicava a economia americana e beneficiava outros países às custas dos Estados Unidos.
Na ocasião, o presidente da conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) convidou diplomatas e parlamentares a participar da cúpula em Belém, no Pará.
Convite para Trump
A declaração do embaixador vem um dia depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dizer que conversará com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para convidá-lo para a COP.
“Eu não vou ligar para o Trump para comercializar, porque ele não quer falar. Mas eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para a COP, porque quero saber o que ele pensa da questão climática. Vou ter a gentileza de ligar. Vou ligar pra ele, para o Xi Jiping, para o [Narendra] Modi. Só não vou ligar para o [Vladimir] Putin, porque o Putin não está podendo viajar. Vou ligar para vários presidentes”, afirmou Lula, na ocasião.
“Se ele não vier, vai ser porque não quer, mas não vai ser por falta de delicadeza, charme e democracia”, prosseguiu Lula.