Manaus – Na edição do Jornal Vanguarda do Norte do último fim de semana, entrevistamos o secretário de Estado de Meio Ambiente Eduardo Taveira para falar sobre o seu trabalho frente à pasta e como a política afeta sua gestão.
Taveira é mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas, possui graduação em Ciências Sociais pela Ufam (2000) e especialista em Desenvolvimento Sustentável (2004). Atualmente é Secretário de Estado do Meio Ambiente
do Amazonas.
Entre os anos de 2011 e 2013, foi Secretário Executivo Adjunto da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Amazonas. Atuou ainda como Chefe do Departamento de Relações Interinstitucionais e Indicadores de CT&I da SECTI-AM, assessor técnico em Políticas Ambientais e Participação Popular na Secretaria Municipal de Limpeza Urbana. Tem experiência na área de Sociologia, Política Pública, Meio Ambiente e Gestão de Projetos no setor público.
Coordenou a elaboração de importantes documentos para a política científica regional, com destaque para o Plano de Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação para Amazônia e as Recomendações do Amazonas para o Fórum Mundial da Ciência. Foi presidente dos Comitês Gestor da Rede Nacional de Pesquisa e Rede Metropolitana de Pesquisa em Manaus e Presidente da Rede de Gestão Integrada de CT&I para o Amazonas. Coordenou, também, a implantação de vários programas estruturantes no setor, com destaque para o PRO-ENGENHARIAS, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Tecnologias Assistivas no Amazonas, a Rede Integrada de Gestão Pública do Amazonas, a Plataforma On line de Acompanhamento de Indicadores de CT&I do Amazonas (SION-AM), o Programa de Comunicação Científica do Estado do Amazonas, entre outros.
Agora como Secretário na gestão de Wilson Lima Taveira tem um dos maiores desafios da sua carreira.
Vanguarda do Norte – O senhor está à frente da secretaria do meio ambiente e tem tido bons números recentemente no combate ao desmatamento aqui no Amazonas Ao que se deve esse trabalho?
Eduardo Taveira – Bom, o estado da Amazonas já vem com uma estrutura e aumentando essa estrutura de combate às ilegalidades nas áreas de maior pressão desde 2019. Nós tivemos 2 operações, focadas no combate ao desmatamento, que foi a operação Curuquetê 1 e 2. E agora, desde 2020, nós estamos com a operação Tamoiotatá que está na terceira edição, Ela está cominando também com o desdobramento dela no combate às queimadas e aos incêndios. Então esses dados e esses números são reflexos dessa presença constante do estado nessas áreas. Mas a redução, mesmo, o impacto que a gente está conseguindo ver agora se deu também pela entrada e a organização das ações. É por meio do Governo Federal, junto com a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Ibama, ICMBio, uma vez que as áreas dentro do estado do Amazonas, de maior pressão dos alertas de desmatamento e queimadas, são áreas federais.
VDN– Quais são os grandes desafios como secretário de meio ambiente do estado atualmente?
ET – Bom, os desafios são enormes. Eu acho que o principal deles é a dimensão do nosso estado. Mais de um milhão e meio de quilômetros quadrados. É o maior estado da federação. Se fosse sozinho, um país seria o 17º maior país do mundo, obviamente, há limitações que o estado tem para garantir uma atuação perene. Política pública perene numa dimensão como essa e eu falo isso não só da área ambiental. Um dos principais desafios que a gente tem e o outros também são desafios históricos. Vale destacar que os investimentos feitos para a melhoria da qualidade de vida, em especial no interior, nas unidades de conservação, têm sido fortalecido agora com as ações que o governador Wilson Lima tem promovido em várias áreas. Seja na educação, na saúde e assistência técnica rural. As próprias ações, que vieram consolidadas na pandemia como o cartão emergencial, permanente, o programa guardiões da floresta. É, então, a gente tem uma dimensão histórica do desenvolvimento, que é muito concentrada na capital e a gente tem que encontrar modelos desse desenvolvimento para o interior do estado. Então e esse é um grande desafio, porque a reboque disso a gente tem um processo de licenciamento ambiental. Ainda bastante complexo, em especial quando a gente fala do pequeno produtor. Mesmo para atividades de baixo impacto ambiental e um dos maiores gargalos, sem dúvida a questão é da regularização fundiária, que impactou o acesso, por exemplo, de pequenos produtores e até de grandes negócios, muitas vezes como manejo florestal ou a própria agricultura.
VDN – O Governador Wilson Lima tem mostrado uma posição política de direita mas é possível ver que isso não atrapalha o diálogo com o governo Lula. Esse diálogo em prol de políticas ambientais já acontece?
ET – As questões ambientais não são de direita ou de esquerda. Elas são de todos. Todos nós dependemos igualmente do meio ambiente saudável. Não é de um meio ambiente equilibrado, em especial aqui dos serviços ambientais prestados pelas florestas, em especial a floresta que está aqui no Amazonas, a floresta amazônica, que grande parte dela está aqui. A prestadora, inclusive para a manutenção da economia, seja a agricultura, a indústria. Obviamente, isso tem um custo de manutenção, então pelo que a gente tem ouvido, dos discursos do próprio presidente Lula. esse discurso está muito alinhado aquilo que o governador tem falado, que é a conservação ambiental e a busca incansável por encontrar soluções para a geração de renda das pessoas. Não é colocar as questões das cobranças em relação às metas ambientais, com relação às mudanças climáticas. É em uma escala adequada. Não é dizendo que foram os países ricos que levaram o mundo a esse abismo que a gente enfrenta hoje, que é necessário que para desenvolver um novo modelo de economia de baixas emissões, tem que ter investimento para isso. Não pode colocar sozinho o peso dessa mudança em países pobres ou em desenvolvimento. E aí o governador tem avançado muito nessa discussão, com recursos do próprio governo para aumentar a regularização ambiental. Cadastro ambiental rural, aumentar a fiscalização, aumentar a capacidade da assistência técnica rural, em especial, no interior do estado. Apoiar e subsidiar várias cadeias importantes do extrativismo. Incluir em compras públicas produtos do extrativismo, inclusive para a merenda escolar, então é uma ação que o governo tem feito, buscando justamente essas novas alternativas. Eu acho que esse é o papel, não é daquilo que você está falando do alinhamento mais à direita. Ou seja, acreditar na economia, no papel do empresário, do capital privado. É com esse ponto que a gente fala de uma economia verde, de uma nova economia. Eu não tenho sombra de dúvidas que esse pontapé de virada só vai se dar de fato com a floresta em pé, seu serviço, os seus recursos, o manejo dessa floresta, se transformar numa economia pujante, numa economia com investimento, numa economia onde o empresário se sinta seguro, com regras claras para poder apostar e transformar. Conservação ambiental como uma pauta real de desenvolvimento para o nosso estado.
VDN – Ano passado o senhor recebeu o título de cidadão amazonense. Para você o que isso representa?
ET – Por incrível que pareça, eu nunca achei que eu precisava de um papel para comprovar o meu amor pelo estado. Eu cresci aqui, as minhas referências são aqui. As minhas amizades são daqui. A minha família daqui, minha esposa, meus filhos. Conheço não só o interior do estado do Amazonas, como o interior profundo do estado, das comunidades ribeirinhas, das comunidades indígenas, das comunidades extrativistas. Então esse é o meu mundo. Estudei aqui, fui aluno de escola pública, fui aluno de universidade pública, fiz minha pós graduação aqui, então toda a minha vida é aqui, então me sentia amazonense, mas na hora que eu recebi o diploma assinado pelo governador foi um dos momentos mais emocionantes e felizes da minha vida. Disso eu não tenho dúvida. Então até brinco agora que qualquer pessoa que me pergunta eu falo, eu sou do Amazonas, não nasci lá, mas eu tenho uma lei que me garante a cidadania. Foi uma das maiores honrarias que eu já recebi, tamanho o amor que eu tenho por esse estado e por tudo que ele me deu.
VDN – O senhor goza de prestígio do governador Wilson Lima. Futuramente, pretende ingressar ao lado dele em algum cargo político? Ser secretário de meio ambiente também o faz ser político diante de tantos desafios?
ET – É interessante essa pergunta. Primeiro que essa questão de prestígio ou não ela acaba sendo subjetiva, né? Eu acho que o prestígio do ponto de vista do trabalho, eu acho que se fala a respeito de resultados. De poder como secretário, poder conseguir, de fato, aterrisagem, determinações do governador Wilson Lima para essa agenda ambiental que é muito importante. Então, a agenda é liderada pelo governador, então a acredito que se há esse prestígio, ele é esse prestígio do ponto de vista técnico. E não só a minha pasta, não só eu, pessoal, mente. Não é a característica dos secretários do governo que o governador Wilson Lima tem sua liderança. É um secretariado técnico, um secretariado que das principais pastas é bem duradouro, inclusive, né? Então é, eu não conseguiria trabalhar com os resultados que a gente tem entregue. Se não fosse a parceria com os meus colegas secretários da produção rural. Não é da Secretaria de segurança pública que tem feito um trabalho incrível nesse amadurecimento da fiscalização, da redução da criminalidade, No interior, da infra-estrutura, com todo o apoio que a gente recebe. E, não, não tenho vocação para política. Não é um anseio meu disputar qualquer cargo é eletivo. É como eu falo, é uma vocação. Eu conheço o trabalho dos deputados, conheço o trabalho dos vereadores, a abnegação que deve ser feita, a quantidade de trabalho é uma vocação em específico e confesso que não é minha vocação. Eu penso muito naquilo que eu tenho que fazer agora, E agora, enquanto o governador determinar, o quanto o governador acreditar que ainda vale a pena. O trabalho que está sendo feito pela Secretaria é de me dedicar exclusivamente 100%. Não é focada no trabalho aqui na pasta da Secretaria e cumprir as determinações do governador que ele tem colocado para mim em especial e obviamente para todo o time aqui da Secretaria de meio ambiente. Eu não tenho vocação para a política partidária, mas nós somos agentes políticos, não é? Apesar de ser uma indicação técnica para o cargo, o cargo é político, né? Então sem dúvida, esse talvez tenha sido o maior aprendizado durante esses anos. Vai completar 5 anos agora que eu estou no cargo de secretário do meio ambiente. E sem dúvida, esse é o maior desafio, não é? É como eu falei, é um aprendizado que eu vou levar. para minha vida. A questão das articulações, a questão do próprio jogo de de cintura, de entender pontos de vistas diferentes ao mesmo tempo, saber como que que você pode trabalhar em suas convicções. De maneira assertiva mas ao ao mesmo tempo de como ser equilibrado diante disso. Tudo isso é um aprendizado muito grande graças ao governador Wilson Lima. Uma pessoa que tem um fazer político exemplar, Tanto da perspectiva de estratégia como de manter a calma para tomar as melhores decisões mesmo em momentos muito tenso.
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