O ex-presidente Jair Bolsonaro está realmente tranquilo sobre a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), que o acusa de ter tentado dar um golpe de Estado. É o que afirmam deputados que estiveram com Bolsonaro nesta quarta-feira, 26. O motivo seria a certeza de que o presidente norte-americano Donald Trump já está pressionando o Brasil contra a atuação do ministro Alexandre de Moraes.
Para o grupo de aliados do ex-presidente, tanto a visita do advogado Pedro Vacca, ligado à OEA, quanto os processos das plataformas Rumble e Trump Media contra Moraes, além da aprovação do projeto de lei para barrar o ministro e outras autoridades brasileiras de entrarem nos EUA, refletem o desejo de Donald Trump sobre a relação atual com o Brasil.
“Perguntei: e aí, o Trump vai nos ajudar? Ele [Bolsonaro] disse: [Trump] já está nos ajudando. Ele está muito tranquilo. Não está nem aí para a denúncia. Causa estranheza. Ou é muito corajoso, ou sabe algo além”, afirmou um aliado do ex-presidente.
A oposição no Congresso agora desconfia que Trump adote, como próximo passo, a aplicação de sanções comerciais ao Brasil. “Se Trump colocar sanções sobre o combustível, o presidente cai”, disse um deputado em caráter reservado.
Outra leitura do grupo de oposição é que, ao interferir no Brasil, “Trump faz um aceno à sua base [ao protagonizar episódios de defesa da ‘liberdade’] e ainda ajuda um aliado. Então, ele não tem nada a perder”.
Reação trumpista
O Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental dos Estados Unidos, entidade ligada ao Departamento de Estado americano, fez críticas, nesta quarta-feira (26), aos bloqueios e sanções aplicadas a companhias norte-americanas pelo Brasil.
Esse órgão é responsável pela criação e execução da política externa voltada para a América Latina, entre outras áreas. Indiretamente, a manifestação faz referência à proibição do Rumble.
O ministro do STF, Alexandre de Moraes, decidiu pela suspensão da plataforma de vídeos no Brasil na última sexta-feira (21).
“O respeito à soberania é uma via de mão dupla com todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil. Bloquear o acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos EUA por se recusarem a censurar indivíduos que lá vivem é incompatível com os valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão”, declarou o órgão, em comunicado divulgado na rede social X.
“Onde está o ‘chapéu’ de Moraes?”
Em declaração a O Antagonista, o deputado José Medeiros (PL-MT) afirmou que o ministro Alexandre de Moraes “colocou o chapéu onde a mão não alcança” ao interferir sobre a política editorial de empresas norte-americanas.
“É importante lembrar que os interesses norte-americanos, independentemente do presidente que esteja no cargo, são defendidos com muita força pelas instituições dos EUA. Já vi guerras serem travadas por causa desses interesses. O ministro, a meu ver, colocou o chapéu onde a mão não alcança”, declarou.
Pedido secreto
Como mostramos, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cogita mobilizar o apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), para viabilizar sua candidatura nas eleições presidenciais de 2026. A informação foi publicada pela empresa norte-americana Bloomberg e confirmada por interlocutores do ex-presidente.
Bolsonaro, no entanto, manteve o mistério quanto a um pedido que ele teria feito pela intervenção do presidente norte-americano sobre sua inelegibilidade.
“Eu não vou falar publicamente o que estou pedindo para o Trump, o que eu gostaria que ele fizesse”, disse em entrevista publicada pela Bloomberg.