Manaus (AM) – Já foi, ou é afetado por caspas na cabeça, sobrancelha, cantos do nariz, orelha ou tórax, e ficou com vergonha de procurar um especialista por receio de passar uma imagem de falta de higiene? Essa é a realidade de muitos brasileiros que banalizam a dermatite seborreica e deixam alguns casos se agravarem. Aliás, a condição é uma inflamação e não há estudos que comprovem sua relação com a higiene.
De acordo com uma estimativa da Sociedade Brasileira de Dermatologia, aproximadamente 40% da população mundial já teve ou tem caspa, que é uma forma mais branda de dermatite seborreica.
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O Vanguarda do Norte conversou com o dermatologista Diego Pereira, especialista em dermatologia capilar, para desmitificar algumas suposições sobre a inflamação e comentar sobre suas causas, tratamentos e algumas especificidades.
O que é?
A dermatite seborreica é uma condição inflamatória crônica da pele e afeta principalmente áreas como o couro cabeludo, sobrancelhas e cantos do nariz, e pode causar vermelhidão e descamação.
Diego Pereira ressalta a importância da pessoa saber reconhecer a situação e procurar um especialista o mais rápido possível, antes que o caso possa se agravar.
“Apesar das pesquisas científicas, a causa exata ainda é desconhecida, então é necessário analisar cada caso para achar a melhor solução possível”,
explica
Sabe-se que a doença pode surgir por fatores genéticos ou externos, como alergia, estresse emocional e excesso de oleosidade no corpo.
A presença do fungo Pityrosporum ovale também pode contribuir para a doença. Em bebês, a dermatite seborreica é conhecida como crosta láctea e se manifesta como cascas amarelas ou marrons no couro cabeludo, pálpebras, orelhas, nariz e virilha. Essa condição é temporária e inofensiva.
Tratamento tardio
A caspa é uma forma da dermatite se manifestar e muitas pessoas decidem não procurar um médico para fazer o uso correto de um shampoo ou condicionador específico, por medo de serem julgadas, como o caso do administrador João Pedro Soares, de 23 anos, que percebeu a inflamação aos 18 anos e não procurou um especialista.
“Eu estava no fim do ensino médio quando percebi que surgiram muitas caspas no meu cabelo, pensei que fosse o shampoo que eu estava usando e troquei de imediato, mas vi que só foi piorando”,
disse o jovem, hoje já em tratamento.
Com a demora do tratamento, o estudante já estava em um estágio em que a dermatite estava deixando seu couro cabeludo avermelhado, ao ponto de sangrar ao coçar.
Após o estágio avançado, João decidiu ir ao dermatologista e descobriu que devido ao estresse diário do último ano do ensino médio e a falta de sono, sua dermatite seborreica foi exposta, sendo percebida por outros ao seu redor.
Mitos e Verdades
Maura Simões Bressan, médica do Serviço de Dermatologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) já fez uma palestra sobre os mitos e verdades sobre a doença. Entre eles, ela explica:
Um dos maiores mitos que contam é que a dermatite seborreica é contagiosa. Mas não é o caso, pois a inflamação está ligada apenas ao portador e não é transmitida por contato ou por objetos de uso pessoal. Ou seja, não há risco de ir ao salão de beleza e ser infectado com dermatite pelos utensílios.
Outro mito forte e ressaltado que é falso, é que a presença de descamações está ligada à falta de higiene, no entanto, já é comprovado que mesmo com os cabelos lavados, é possível ter a presença de sebo. O certo é fazer uso de produtos capilares específicos recomendados pelo médico especialista.
É mito também que cortar ou raspar cabelos leva à cura, pois é comprovado que não existe relação do tamanho do cabelo com a doença.
É verdade que a dermatite seborreica pode levar à queda de cabelo, pois segundo estudos, 72% das pessoas com a doença apresentam algum nível de queda, porém, pode ser tratada.
É verdade ainda, que há doenças que facilitam a presença, como diabetes, AIDS, distúrbios neurológicos (como mal de Parkinson e epilepsia) e obesidade, entre outras, predispõem o indivíduo a desenvolver a doença.
É verdade que os homens costumam ser os mais afetados, devido ao fato de que a relação hormonal tem influência das glândulas sebáceas, o que gera maior produção de sebo.
Sintomas:
– Oleosidade na pele e no couro cabeludo;
– Escamas brancas que descamam;
– Escamas amareladas que são oleosas e ardem;
– Coceira, que pode piorar caso a área seja infectada pelo ato de “cutucar” a pele;
– Leve vermelhidão na área;
– Possível perda de cabelo.
Tratamento
Apesar do desconforto, existem tratamentos que podem ajudar a controlar os sintomas, incluindo o uso de xampus antifúngicos e corticoides tópicos.
Por não ter uma causa definida, a prevenção da doença também é relativa. O mais adequado é usar produtos capilares específicos para evitar o aparecimento de cascas; não tomar banhos quentes e evitar estresses diários.
No entanto, sempre é recomendável consultar algum médico especialista.