Manaus (AM) – O ‘Inverno Amazônico’, como é conhecido popularmente, com predominância de chuvas intensas e variação de temperatura, é o período sazonal para a circulação de vírus de doenças respiratórias em Manaus e que também deixa o corpo humano propenso a contrair outras doenças que atingem principalmente crianças e idosos.
Em conversa com o Vanguarda do Norte, o pneumologista David Luniere explica que doenças de cunho infeccioso aumentam o número de casos na época de chuva devido aumento da umidade relativa do ar que, assim como a temperatura, tem variação abrupta, tendo em vista o período muito chuvoso e logo em seguida o calor, especificamente em Manaus que chega a quase 40 graus.
“Doenças respiratórias é qualquer comprometimento do sistema respiratório, seja ele superior ou inferior, causado por doenças infecciosas, inflamatórias ou oncológicas. As mais comuns são a infecciosas, como a pneumonia e a tuberculose. Mas existem também outras doenças como as síndromes gripais como a covid-19”,
explica o pneumologista.
Tratamento incorreto traz sequelas
O tratamento das doenças respiratórias depende de como está acometido e comprometido o pulmão, e conforme Luniere, quando não tratadas corretamente tem o risco potencial de levar a pessoa ao óbito ou deixar grandes sequelas, principalmente na questão infecciosa por ser algo mais agudo e rápido.
De acordo com David Luniere, a doença respiratória mais comum em Manaus é a tuberculose e devido a maior incidência no Amazonas, chega a liderar o número de casos no Brasil, na qual em algumas épocas do ano intercala o primeiro lugar com o Rio de Janeiro.
Com as síndromes gripais também é muito comum o aumento dos casos.
“Recentemente, há umas quatro ou cinco semanas ocorreu na cidade o aumento de caso de síndrome gripal, que as pessoas acharam até que era Covid porque também houve um aumento de casos. E isso fez com que as pessoas viessem a ter muitos sintomas, principalmente as crianças e os idosos, que possuem a imunidade um pouco mais comprometida”,
detalha.
Segundo o médico, as crianças são vulneráveis porque estão com a imunidade em formação e a questão de escolas e creches fazem com que isso seja transmitido mais rapidamente de um para o outro.
“Quanto aos idosos, é porque realmente tem a imunidade mais debilitada, com necessidade de atividade física, alimentação e vacina em dia para conseguir ter uma imunidade mais adequada. Mas a faixa etária adulta também foi muito acometida nessa época do ano por causa dessa fácil transmissibilidade”,
completa.
Recomendações
O pneumologista recomenda que os pacientes com alguma doença respiratória optem por um estilo de vida e alimentação mais saudável, como evitar bebida alcoólicas e alimentos que estimulam a inflamação do corpo, conhecidos popularmente como alimentos de caráter remoso.
Quando o organismo está tentando se recuperar de uma gripe ou doença respiratória, pode-se observar que há uma agressão viral e esta agressão gera uma inflamação no corpo. E se a pessoa se alimenta com substâncias que são a favor da inflamação, os sintomas tendem a piorar.
Outra recomendação é que os pacientes pratiquem atividade física, além do uso correto de medicação. Os pacientem também devem evitar exposição ao mofo, poeira, umidade e fumaça, e manter o ambiente de domicílio e de trabalho limpos, para que não tenha exposição alergina.
Um dos cuidados mais importantes é evitar contato com pessoas doentes para que possa diminuir a questão de transmissibilidade.
Sobre uso de lavagem nasal, o pneumologista David Luniere orienta optar por soro nasal de alto volume e baixa pressão.
“É muito comum de as mães utilizarem seringas ou jato em spray. Esse tipo de soro tem o seu risco porque é alta pressão, podendo fazer com que a lavagem seja destinada ao ouvido médio, fazendo com que haja infecção por causa que está adentrando ali, que é o soro nasal. Então, a recomendação é sempre lavar o nariz com a boca aberta, para que o ar saia e não prejudique o ouvido e assim, sair toda a secreção pelo nariz”, explica.
Tuberculose
A data de 24 de março é destinada ao Dia Mundial da Tuberculose, uma doença causada pela bactéria Mycobacterium Tuberculosis, que afeta principalmente os pulmões (85% dos casos), mas também pode atingir outros órgãos do corpo.
De acordo a pneumologista sanitária Dra. Joyce Matsuda, que atua na Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), a transmissão da doença ocorre de forma aérea, por meio da tosse, fala ou espirro do doente.
Segundo Matsuda, o estado do Amazonas é o primeiro do Brasil em incidência da doença, sendo Manaus a primeira entre as capitais.
Conforme dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), em 2022 foram registrados no estado 3.826 casos e 214 óbitos pela doença. Em 2023, foram até o mês de março, 548 casos e 19 óbitos.
A vacina Bacilo de Calmette e Guérin (BCG), que é famosa por deixar uma marca nos braços e está presente no calendário básico de vacinação da criança protege contra a tuberculose. A imunização é realizada em dose única e deve acontecer até os 5 anos de idade, mas o ideal é que seja feita nos primeiros dias de vida do bebê.
A pneumologista explica que o principal sintoma da tuberculose é a tosse e a prevenção é realizar o diagnóstico precoce, para evitar que outras pessoas se infectem.
Conforme a pneumologista, no dia 31 de março será realizado a ‘Caminhada de Combate à Tuberculose’, com saída às 8h da manhã da Praça da Polícia e chegada no Teatro Amazonas, no Centro de Manaus.