Um estudo de doutorado, realizado no Amazonas, demonstra que ferramentas inovadoras podem ser aliadas na prevenção do câncer do colo do útero. A pesquisa é realizada dentro do Programa de Imunologia Básica e Aplicada, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), junto à Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM).
O estudo “Inovação em tecnologias para prevenção do câncer de colo de útero” faz parte do doutorado da professora Suzana Nunes, do Campus da Ufam de Coari (a 363 quilômetros de Manaus) e é coordenado pela diretora de Ensino e Pesquisa (DEP) da FCecon, Kátia Luz Torres.
A pesquisa avaliou a tecnologia de autocoleta, através de um dispositivo onde a própria mulher retira amostras introduzindo o aparelho na vagina. A pesquisa abrangeu 304 mulheres da Comunidade do Pau Rosa, área rural de Manaus.
“Essas amostras foram analisadas no laboratório de biologia molecular da FCecon, para detecção de Papillomavírus Humano (HPV) de alto risco para o câncer do colo do útero. Participaram do estudo 304 mulheres entre 25 e 64 anos, moradoras da comunidade”, explica a professora, que apresentou a tese de doutorado à banca no dia 21 de julho.
Segundo Suzana Nunes, a estratégia de autocoleta consegue alcançar as mulheres na faixa etária alvo, de 25 a 64 anos, especialmente aquelas em áreas distantes e de difícil acesso. Por motivos sociais, culturais e religiosos, muitas não aderem à estratégia de rastreio por meio do exame citopatológico (Papanicolau) do colo do útero, que é recomendado pelo Ministério da Saúde.
Resultados
Das 304 mulheres, 13% apresentaram infecção pelo HPV. Elas foram encaminhadas pela Semsa para a realização de um exame mais aprofundado (colposcopia). Aquelas que foram diagnosticadas com lesões precursoras de câncer, ou seja, lesões que podem evoluir para o câncer, foram encaminhadas para o devido tratamento.
“A aceitabilidade dessas mulheres em relação à autocoleta foi excelente. Os resultados demonstram ser muito promissores para, um dia, vir a ser uma técnica aplicada dentro do SUS, tendo em vista o alcance e adesão das mulheres em realizar o teste de prevenção contra o câncer do colo do útero”, diz Kátia Torres.
A pesquisadora ressalta que a doença é muito prevalente no Amazonas e por isso é motivo de preocupação em saúde pública.
“Conseguimos demonstrar e testar que esta estratégia é extremamente viável e possível. Entendemos que estamos dando grandes contribuições para a saúde pública e conhecimento científico”, destaca a diretora de Ensino e Pesquisa da FCecon.
*Com informações da assessoria