BRASIL – A campanha Julho Amarelo está nas páginas das editorias de saúde dos jornais, sites e, em especial, nos perfis do Ministério da Saúde nas redes sociais. A iniciativa, representada por um laço amarelo, reforça a importância das ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais. Essas doenças são um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo e, por isso, é preciso atenção ao consumir informações sobre o tema.
As hepatites virais são infecções que atingem o fígado, causando alterações leves, moderadas ou graves. Na maioria das vezes, são infecções silenciosas, ou seja, não apresentam sintomas. Elas são causadas por vírus e algumas hepatites se dão pelo uso de medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.
Vamos entender as formas de transmissão e prevenção e como é feito o tratamento dessas doenças e, assim, combater conteúdos falsos sobre o tema que circulam por aí.
Vacina contra hepatite B em bebês
Muitas dúvidas surgem em relação a necessidade de vacinação de bebês contra a hepatite B, já que as gestantes são testadas para a doença, o que faz alguns acreditarem que, por isso, não há risco de transmissão das mães para os filhos. Além disso, grupos antivacina afirmam que o imunizante representa um perigo para as crianças por conter uma quantidade alta de alumínio. As afirmações não têm embasamento científico e são contrárias às recomendações de especialistas de saúde de todo o mundo.
A vacina contra a hepatite B para bebês, por se tratar de uma doença grave e transmitida de mãe para filho durante a gestação ou parto, representa proteção imediata aos pequenos e é uma prática segura e eficaz para prevenir infecções futuras, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença também pode ser transmitida por contato com sangue e fluidos corporais, mesmo em ambientes domésticos.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também recomenda a vacina para recém-nascidos, independentemente do status da mãe, já que nem todas as infecções maternas são detectadas durante a gravidez. Além disso, especialistas defendem que a vacinação precoce é crucial para a prevenção da infecção crônica, que pode levar ao câncer de fígado e à cirrose.
Atenção! O ideal é iniciar o esquema vacinal com a primeira dose o mais cedo possível, preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento, ainda na maternidade, podendo ser administrada até 30 dias após o nascimento.
E sobre a quantidade de alumínio? A bula da vacina contra a hepatite B do Instituto Butantan confirma que a quantidade de alumínio presente é segura e está bem abaixo dos limites considerados tóxicos. O alumínio é utilizado como adjuvante para melhorar a resposta imunológica e tem um histórico comprovado de segurança em vacinas.
Estudos científicos demonstram que o alumínio utilizado em vacinas é seguro e eficaz. A quantidade de alumínio nos imunizantes é minúscula comparada à exposição diária que os humanos têm a esse elemento por meio de alimentos, água e até mesmo o ar. A segurança dos adjuvantes de alumínio é bem documentada, e eles são fundamentais para a eficácia das vacinas.
Tipos de hepatites, formas de transmissão, prevenção e tratamento
É importante entender que as hepatites virais são doenças muitas vezes silenciosas. Elas nem sempre apresentam sintomas visíveis e, por isso, grande parte das pessoas não sabe que está infectada. Isso faz com que a doença possa evoluir por décadas, sem o devido diagnóstico. Assim, a recomendação é realizar testes regulares.
- Hepatite A
Transmissão: fecal-oral, pela ingestão dealimentos ou água contaminadas, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal, contato pessoal próximo e contato sexual com pessoas com hepatite A.
Os sintomas iniciais são fadiga, mal-estar, febre, dores musculares, enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia, urina escura, fezes claras e pele e olhos amarelados.
Existe vacina para combater a hepatite A e ela faz parte do calendário infantil no Sistema Único de Saúde (SUS), com esquema de uma dose aos 15 meses de idade, podendo ser utilizada a partir dos 12 meses até 5 anos incompletos.
- Hepatite B
Transmissão: sexo sem proteção, compartilhamento de objetos de uso pessoal como lâminas de barbear e de depilar, escovas de dentes, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas (cachimbos, canudos, seringas) sem a devida esterilização, na confecção de tatuagem e na colocação de piercings com materiais não esterilizados ou descartáveis. Ela também pode ser transmitida de forma vertical, ou seja, durante a gestação ou parto da mãe para o bebê.
Na maioria dos casos, a hepatite B não apresenta sintomas. A principal forma de prevenção da infecção pelo vírus da hepatite B é a vacina, que é administrada em três doses (0, 1 e 6 meses), e está disponível no SUS para bebês e todas as pessoas, independentemente da idade.
- Hepatite C
Transmissão: contato com sangue contaminado por meio do compartilhamento de agulhas, seringas e outros objetos perfurocortantes sem a devida esterilização (materiais de manicure, para confecção de tatuagem, para colocação de piercings, equipamentos odontológicos e objetos para uso de drogas, como cachimbos, canudos, seringas). Também por meio de relações sexuais sem o uso de preservativos ou pela transmissão vertical (esses dois casos menos comum).
Assim como a hepatite B, a hepatite C também, na maioria dos casos, não apresenta sintomas.
Procure uma unidade de saúde e faça o teste da hepatite C. A doença tem cura e o tratamento pode ser feito gratuitamente pelo SUS.
- Hepatite D
Transmissão: sexo sem proteção, compartilhamento de objetos de uso pessoal como lâminas de barbear e de depilar, escovas de dentes, materiais de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas (cachimbos, canudos, seringas), na confecção de tatuagem e na colocação de piercings sem a devida esterilização.
Na maioria dos casos, a hepatite D também não apresenta sintomas. Quando presentes, os mais frequentes são cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura, fezes claras.
A melhor forma de prevenir a hepatite D é tomar a vacina contra a hepatite B, visto que esse vírus depende da estrutura do vírus B para se replicar.
Combate à desinformação
O Saúde com Ciência trabalha para disponibilizar à população brasileira informação confiável. Não acredite em informações sobre saúde sem base científica e que contrariam as recomendações de especialistas em saúde pública. E lembre-se sempre: vacinas salvam vidas!
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