A pesquisa divulgada pela Fundação do Câncer, divulgado neste domingo (26), aponta que todos os Estados brasileiros estão com a vacinação contra o Papilomavírus humano (HPV), abaixo da meta estabelecida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O resultado da pesquisa, revela que até o ano de 2030, o país não conseguirá atingir a meta necessária de vacinação para efetivar a eliminação da doença. O levantamento dos dados divulgados está baseado em registros de vacinação do PNI, destinado a meninas da faixa etária entre 9 a 14 anos, nos anos de 2013 a 2021, e meninos de 11 a 14 anos, no período de 2017 e 2021.
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Em todo o Brasil, a cobertura vacinal da população feminina entre 9 e 14 anos alcança 76% para a primeira dose e 57% para a segunda dose. A adesão à segunda dose é inferior à primeira, variando entre 50% e 62%, dependendo da região. Na população masculina entre 11 e 14 anos, a adesão à vacinação contra o HPV é inferior à feminina no Brasil como um todo. A cobertura vacinal entre meninos é de 52% na primeira dose e 36% na segunda, muito abaixo do recomendado. A Região Norte apresenta a menor cobertura vacinal masculina, de 42% na primeira dose e de 28% na segunda. O estudo completo pode ser acessado no site da Fundação do Câncer.
A consultora médica da Fundação do Câncer e colaboradora do estudo Flávia Corrêa afirmou que há uma diferença regional marcante.
“O mais preocupante é que justamente o Norte e o Nordeste, que têm as maiores taxas de incidência de mortalidade por câncer de colo de útero, são as regiões onde encontramos a menor cobertura de vacinação”, disse.
De acordo com a médica, isso acende o alerta de que é necessário investimento grande em medidas educativas para a população, para as crianças e adolescentes, pais e responsáveis e para profissionais de saúde, a fim de aumentar a cobertura.
Conforme o levantamento, a Região Norte apresenta a menor cobertura vacinal completa (primeira e segunda doses) em meninas, um percentual de 50,2%. Entre os meninos, o percentagem é de apenas 28,1%. A região também foi a que mais registrou óbitos por câncer de colo de útero no período 2016/2020, sendo 9,6 por 100 mil mulheres, contra a média brasileira de 6 a cada 100 mil mulheres.
De todas as regiões do país, o Sul é a que mais se aproxima da meta estabelecida (87,8%) na primeira dose em meninas. Por outro lado, é a região que apresenta maior índice de absenteísmo, ou não comparecimento, na segunda dose, 25,8% entre as mulheres e 20,8% entre os homens, enquanto a média do país é de 18,4% e 15,7% nas populações feminina e masculina, respectivamente. Já o Nordeste tem a menor variação entre a primeira e a segunda dose, tanto feminina (71,9% e 57,9%) quanto masculina (50,4% e 35,8%).
Múltiplas doses
Segundo Flávia, toda vacina que tem múltiplas doses costuma apresentar problema do absenteísmo, especialmente entre os adolescentes.
“Em qualquer vacina que tenha múltiplas doses, o que se vê é que existe realmente uma queda para completar o esquema vacinal”. Isso acontece não só no Brasil, mas no mundo todo. No caso da vacinação contra o HPV, a recomendação do PNI é continuar com duas doses, embora a OMS já tenha dado aval para que seja utilizada uma dose única, dependendo das circunstâncias locais. “É preciso haver uma conscientização muito grande para que se complete o esquema vacinal”, reforçou.
Capitais
O estudo mostra também que Belo Horizonte é a única capital com cobertura vacinal feminina acima de 90% na primeira dose. Considerando o esquema vacinal completo, esse percentual cai para 72,8%, mas ainda continua sendo a capital que mais protegeu sua população contra o câncer de colo de útero no país, considerando o período de 2013 a 2021. Em seguida, aparecem Curitiba, com 87,7% e 68,7% (dose inicial e reforço), e Manaus, com 87,0% e 63,2% com a primeira e segunda doses.
A vacina é segura e está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninos e meninas de 9 a 14 anos, em esquema de duas doses, e para mulheres e homens transplantados, pacientes oncológicos, portadores de HIV, de 9 a 45 anos, em esquema de três doses.
*Com informações da Agência Brasil