O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou nesta terça-feira (5) que o Brasil não vai cair na “armadilha” dos Estados Unidos. A declaração foi realizada na véspera da implementação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, prevista para esta quarta-feira (6).
“Nós não vamos cair na armadilha de imaginar que um governo, por desinformação, está tomando medidas de agressão ao Brasil. Essa não é a história da parceria do Brasil com os EUA”, disse Haddad.
Na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável, o chefe da equipe econômica disse que a privatização do Pix está “fora de cogitação”. A possibilidade já havia sido vetada pelo ministro durante entrevista à CNN.
“Não podemos nem imaginar privatizar algo que não tem custo para o cidadão. Imaginar que vamos ceder a pressão de multinacionais que estão se incomodando com a tecnologia. Eles ganharam por décadas dinheiro com tecnologia que eles desenvolveram, e ninguém se incomodou com isso. Isso está completamente fora de cogitação”, disse.
O ministro da Fazenda afirmou que 4% das exportações brasileiras serão de fato prejudicadas pela tarifa de 50% que entra em vigor nesta quarta-feira (6). Desse total, cerca de 2% são produtos que têm a possibilidade de serem redirecionados para outros mercados no curto e médio prazo.
“Não é porque 2%, 1,5% das exportações serão afetadas que nós vamos baixar a guarda. Nós sabemos que nesses 1,5%, há setores muito vulneráveis que geram muitos empregos, como é o caso da fruticultura. São setores que exigem uma atenção especial que vai ser dada. O presidente [Lula] dispõe dos elementos necessários para socorrer essas famílias prejudicadas com uma agressão”, disse Haddad.
Levantamento preliminar do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) mostrou que a tarifa adicional de 50% incidirá sobre 35,9% das exportações brasileiras para os Estados Unidos.
Em relação aos minerais críticos e terras raras, Haddad afirmou que o Brasil tem condições de desenvolver tecnologias a partir dos minerais. “Falando em minerais críticos, nós precisamos de tecnologia para não ser meramente exportadores de commodity, como é o caso do ferro”, disse.
“O Brasil não cabe no quintal de ninguém. O Brasil é grande demais para ser colônia, satélite de quem quer que seja”, disse Haddad.