O Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, espera resolver o impasse sobre a tramitação do projeto de lei que anistia os presos do 8 de janeiro até a próxima quinta-feira (3).
A data coincide com a reunião de líderes da Câmara dos Deputados, quando o presidente da Casa Hugo Motta (Republicanos-PB) deverá consultar os representantes das bancadas sobre o destino do texto.
Antes, nesta terça (1º), Hugo deverá conversar com os líderes do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), e do PT, Lindbergh Farias (RJ) sobre o assunto. A aliados, o presidente da Câmara tem dito que pretende dar um desfecho para a pauta nesta semana.
O PL ameaçou obstruir a pauta da Câmara caso Hugo não paute a proposta em plenário. Lideranças do partido têm compartilhado, por WhatsApp, uma lista de apoio ao projeto, com assinatura de todos os partidos de centro-direita.
“Estou convicto de que, na terça, teremos o apoio dele [Hugo] e pautaremos [o texto], na reunião [de líderes] de quinta, quando definimos a pauta da outra semana.”, disse Sóstenes à imprensa.
Sob reserva, líderes próximos ao governo avaliam que o PSD, de Gilberto Kassab, ajudou a dar peso ao projeto. Nas redes sociais, Sóstenes Cavalcante agradeceu Kassab por aderir à ideia de urgência do projeto.
Negociações
À imprensa, deputados do Centrão rechaçam o movimento do PL de obstruir a pauta da Câmara, sob o argumento de que a oposição cria um clima de divisão no Legislativo. Apesar disso, reconhecem que, se pautado em plenário, o projeto terá ampla adesão entre os partidos de centro-direita.
A instalação de uma comissão especial para discutir o projeto é vista com mais força no entorno de Hugo Motta. O PL, porém, rejeita a alternativa.
“Essa opção não vai nos atender.”, disse Sóstenes à imprensa.
Para atenuar a tensão com o presidente da Câmara, o partido de Bolsonaro sinalizou disposição em alterar o relator do projeto.
O deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-PE), que é bolsonarista, é visto como um nome contaminado no debate, por sempre defender a anistia aos invasores. Outro nome indicado seria de Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), também de oposição.
O Palácio do Planalto é contra a proposta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem dito que a estratégia da oposição no Congresso, coordenada por Jair Bolsonaro, evidencia uma “auto-culpa” do ex-presidente em relação à tentativa de golpe de Estado em 2022.
Em entrevista à imprensa na semana passada, Lula negou que tenha tratado do assunto com os presidentes da Câmara e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), durante a viagem dos três à Ásia.