Em tempos de crise econômica, política, existencial, entre outras tantas
adversidades pelas quais passa a humanidade, mais do que nunca, o
desenvolvimento das virtudes humanas se faz necessário para a real
possibilidade da experiência de uma vida com equilíbrio, paz e harmonia.
Em muitos momentos da vida estas adversidades inerentes à existência
tornam-se tão devastadoras ao ponto de causar doenças físicas e emocionais
oportunizando o aparecimento do estresse psicológico acompanhando,
invariavelmente, os episódios de tristeza, descrença, irritabilidade, medo e
ansiedade nos seus mais variados graus patológicos.
Coragem é uma virtude, uma força emocional capaz de a partir da
vontade ir em busca dos objetivos, mesmo diante de força contrária, seja
externa ou interna. Coragem não significa ausência de medo mas uma ação de
enfrentamento organizada e funcional, a coragem deve ser precedida,
portanto, de um olhar sobre si mesmo, uma perspectiva racional entre
realidade e tomada de decisão expressando uma medida justa entre medo e
confiança para agir.
Para os Romanos coragem tinha mais a ver com o coração do que com a
razão destacando-se aqui que a palavra vem do latim, COR, que significa
coração. Platão e Aristóteles destacam a virtude da coragem ou bravura nos
seus escritos da República e Ética a Nicômano estabelecida como uma das
quatro virtudes estoicas sendo o coração sua força motriz para o
enfrentamento dos obstáculos devendo ser devidamente regulada, sendo
assim, esta força é encontrada também na razão demandando um equilíbrio
natural tendo em vista que o excesso da força do coração leva ao
aparecimento da Ira, da emoção exacerbada e a sua falta faz aumentar o
medo, a pouca emoção.
Dentro do aspecto da coragem como uma virtude que deve ser exercitada e
aprimorada há que se destacar o seu uso com equilíbrio racional pois torna-se
importante uma avaliação prévia sobre os esforços empreendidos e sua
utilidade haja visto que, há lutas ou circunstâncias que são positivas e
agregadoras e outras que não merecem nosso empenho e esforço pois são
meramente consequências de satisfação egoísta ou objeto de desejo sem
valor.
A coragem, portanto, se faz muito necessária para o enfrentamento da
realidade fática transformando o medo em outras ações como a força, o
empenho, o propósito, a resistência e o altruísmo podendo sempre ser
compartilhada com outras virtudes como o entusiasmo, o autocontrole, a
persistência e não menos importante e necessária, a inteligência emocional.
A virtude da coragem, portanto, é fundamental em nossas vidas, é preciso ter
coragem para agir, para dar o passo inicial de uma caminhada, avaliar os
riscos e seguir com ação positiva em busca da realização de nossos sonhos,
enfrentando os obstáculos apesar do medo, imbuído com autoconhecimento,
confiança e gerenciamento das emoções. Indagações se fazem necessárias:
Que medidas temos tomado para o desenvolvimento desta valiosa virtude? O
que está faltando para começar esta mudança em nossas vidas? Mãos à obra !