A Índia afirmou nesta quarta-feira (7) que atingiu nove locais no Paquistão “de onde ataques terroristas contra a Índia foram planejados e dirigidos”, após o ataque mortal na Caxemira no mês passado.
As nações vizinhas, donas de armas nucleares, travaram duas guerras desde a independência do Reino Unido, governante colonial, em 1947, pela região predominantemente muçulmana, que ambos governam em parte, mas reivindicam integralmente.
Nova Déli atribuiu o ataque do mês passado, em um prado no Himalaia, a um grupo ligado ao Lashkar-e-Taiba, grupo militante islâmico baseado no Paquistão.
O Paquistão, que nega qualquer envolvimento no ataque à Caxemira, afirmou que os ataques indianos mataram 26 civis e que suas forças abateram cinco caças indianos.
O país prometeu responder “a esta agressão no momento, local e meios de nossa escolha”.
A Índia afirmou que sete de seus alvos foram usados pelo Lashkar-e-Taiba e pelo Jaish-e-Mohammed, ambos grupos islâmicos designados como organizações “terroristas” pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
Durante décadas, a Índia, de maioria hindu, acusou o Paquistão de apoiar militantes islâmicos em ataques contra interesses indianos, especialmente na Caxemira.
O Paquistão nega tal apoio e, por sua vez, acusa a Índia de apoiar rebeldes separatistas no Paquistão, o que Nova Déli nega.
Lashkar-e-Taiba
O Lashkar-e-Taiba (LeT), ou “exército dos puros”, está sediado na província mais populosa do Paquistão, Punjab, e há muito tempo se concentra no combate ao domínio indiano na Caxemira.
O Conselho de Segurança da ONU afirma que realizou “inúmeras operações terroristas” contra alvos militares e civis desde 1993, incluindo os ataques de novembro de 2008 em Mumbai, capital comercial da Índia, que mataram 166 pessoas.
Hafiz Saeed, que fundou o LeT por volta de 1990, negou qualquer participação no ataque.
As Nações Unidas afirmam que o LeT também esteve envolvido em ataques a trens de passageiros de Mumbai em julho de 2006 e em um ataque ao parlamento indiano em dezembro de 2001.
Acredita-se que Muridke, nos arredores de Lahore, capital do Punjab, seja o lar da extensa sede de 81 hectares de organizações afiliadas ao LeT.
A Índia afirma que atacou Markaz Taiba, de Muridke, um local a cerca de 25 km da fronteira, onde os agressores de Mumbai haviam sido treinados. O termo Markaz significa quartel-general.
O Paquistão afirma que o grupo foi banido e neutralizado. Preso em 2019, Saeed foi condenado por inúmeras acusações de financiamento do terrorismo e está cumprindo uma pena de 31 anos de prisão.
Os críticos dizem que o grupo, renomeado sob o disfarce de uma instituição de caridade, mantém uma forte rede na região.
Jaish-e-Mohammad
Também sediado em Punjab está o Jaish-e-Mohammad (JeM), ou Exército do Profeta Maomé, fundado por Masood Azhar após sua libertação da prisão na Índia em 1999.
O acordo foi uma troca por 155 reféns mantidos em um voo da Indian Airlines sequestrado para a cidade de Kandahar, no sul do Afeganistão, segundo o Conselho de Segurança da ONU.
O Paquistão baniu o grupo em 2002, depois que ele, juntamente com o LeT, foi responsabilizado pelo ataque de 2001 ao parlamento indiano.
O grupo tinha ligações com a Al-Qaeda, fundada por Osama bin Laden, e com o Talibã, segundo o Conselho de Segurança da ONU.
Acredita-se que o JeM esteja sediado na cidade central de Bahawalpur, também em Punjab, no Paquistão.
O grupo assumiu a responsabilidade por inúmeros atentados suicidas na Caxemira, onde a Índia luta contra uma insurgência armada desde o final da década de 1980, embora a violência tenha diminuído nos últimos anos.
A Índia afirmou ter atacado o Markaz Subhan Allah, em Bahawalpur, que chamou de sede do JeM, localizado a cerca de 100 km da fronteira.
Apesar da proibição do JeM pelo Paquistão em 2002, autoridades americanas e indianas afirmam que ele ainda opera abertamente no local.
Azhar desapareceu dos olhos do público, exceto por relatos esporádicos de sua presença perto da cidade, onde administra uma instituição religiosa.