A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu nesta terça-feira (16) um hacker de 26 anos acusado de ser a principal “fonte” de vazamentos de dados sensíveis de sistemas governamentais e de segurança.
Segundo a investigação, ele abastecia criminosos com informações de bases estratégicas, incluindo sistemas da Polícia Federal e do Poder Judiciário, além de registros de reconhecimento facial e de controle de voos domésticos e internacionais.
O suspeito, conhecido como “Jota”, chegou a afirmar que havia extraído 239 milhões de chaves Pix, contidas em um arquivo de 460 GB obtido a partir do sistema do Judiciário.
As apurações apontam que o esquema tinha hierarquia bem definida. Cabia ao hacker invadir sistemas e coletar dados; os chamados “painelistas” revendiam as informações em grupos de Telegram, cobrando taxas mensais para que golpistas tivessem acesso às bases.
“Jota” cobrava cerca de R$ 1.000 mensais por cliente, enquanto outro integrante identificado como “Menor” oferecia bots por R$ 50. Com mais de 200 grupos ativos, o painelista movimentava aproximadamente R$ 10 mil por mês.
A prisão foi realizada no âmbito da terceira fase da Operação Medici Umbra, batizada de “A Fonte”. A ação mobilizou mais de 50 policiais e cumpriu três mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão em Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo.
Na capital paulista, um dos alvos era responsável por aplicar diretamente as fraudes; no Rio Grande do Norte, outro investigado desenvolvia um sistema de “puxadas” para fornecer informações a grupos de WhatsApp.
Os investigadores acreditam que o hacker preso também forneceu dados para criminosos detidos em fases anteriores, como o hacker conhecido como “Lammer, F4llen ou Lucifage”, preso em agosto em São Paulo por liderar uma rede criminosa que, além de fraudes, ameaçou o youtuber Felca, compartilhava material de pedofilia e fazia apologia ao nazismo.