O dólar encerrou a sessão desta quinta-feira (14) em queda, indo na direção oposta da valorização da moeda americana contra pares internacionais meio às expectativas dos investidores pelo governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.
Após abrir no campo positivo e superar a cotação de R$ 5,80, a moeda inverteu de sinal e fechou o dia com perda de 0,09%, negociada a R$ 5,786 na venda.
Nesta semana encurtada pelo feriado da Proclamação da República na sexta-feira (15), a divisa acumulou alta de 0,85%.
O Ibovespa fechou o dia e a semana praticamente estável, aos 127.791 pontos. Na sessão, o principal índice do mercado doméstico apontou 0,05% para cima, enquanto na semana, a variação ficou negativa em 0,03%.
Por volta das 17h, o Ibovespa operava no campo positivo, com alta 0,1%, na faixa de 127,8 mil pontos, após a divulgação de dados de pedido de auxílio-desemprego nos Estados Unidos e prévia do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado a “prévia do Produto Interno Bruto”, subiu 0,8% em setembro ante o mês anterior na série dessazonalizada, segundo dados do BC apresentados hoje.
No cenário externo, o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu na semana passada, sugerindo que o mercado de trabalho continuou a avançar e que a desaceleração abrupta do crescimento do emprego em outubro foi um desvio.
O mercado ainda segue acompanham os desdobramentos das explosões em Brasília na véspera e as tratativas do governo federal em fechar o pacote de ajuste fiscal. Também segue no foco a série de balanços corporativos do terceiro trimestre.
Além disso, membros do governo federal e do Legislativo realizaram uma série de reuniões para encaminhar as medidas. A expectativa, porém, é que o pacote seja divulgado na semana que vem, após a Cúpula do G20, que encerra na próxima terça-feira (19).
Na cena internacional
No contexto internacional, investidores estão precificando os possíveis efeitos das medidas econômicas prometidas por Trump, que incluem tarifas e cortes de impostos. Segundo analistas, os planos do presidente eleito têm potencial inflacionário, o que pode fazer o Federal Reserve manter os juros elevados nos EUA.
“A ver quais serão as medidas que o Trump vai tomar. Espera-se um dólar mais forte nesta gestão, mas ainda falta algo de concreto para a gente poder analisar”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
Diante dessa perspectiva, os rendimentos dos Treasuries têm apresentado ganhos sólidos nas últimas sessões, favorecendo a moeda norte-americana.
Os mercados ainda estão se ajustando à redução das expectativas por cortes de juros pelo Fed devido à força que a economia dos EUA tem demonstrado em dados recentes.
Em mercados emergentes, o mal-estar em relação à economia da China também tem prejudicado o apetite por risco, uma vez que o país enfrenta uma crise no setor imobiliário e uma demanda interna fraca, com anúncios recentes de medidas de estímulo decepcionando os investidores.
A escolha do senador Marco Rubio como secretário de Estado do novo governo Trump prejudicou ainda mais à visão em relação à China, uma vez que o parlamentar da Flórida é visto como defensor de uma política externa agressiva para o gigante asiático.
Cenário doméstico
O mercado segue na espera do anúncio de medidas fiscais pelo governo, que busca garantir a sustentação do arcabouço fiscal no longo prazo e afastar as dúvidas dos investidores sobre seu compromisso com o equilíbrio das contas públicas.
Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o pacote fiscal será “expressivo”, mas disse não saber se há tempo hábil para o governo anunciar as medidas ainda nesta semana.
O nervosismo do mercado com a demora do anúncio, uma vez que a promessa do governo era divulgar as medidas após o segundo turno das eleições municipais, refletia na curva de juros brasileira, onde as taxas de DI estavam em alta.