O Ibovespa fechou em queda nesta terça-feira, abaixo dos 159 mil pontos, com o Banco Central não dando pistas sobre o começo dos cortes da Selic, enquanto dados sobre a economia norte-americana também pouco ajudaram na definição de apostas sobre as próximas decisões do Federal Reserve.
Nova pesquisa eleitoral também repercutiu na sessão, conforme a disputa presidencial no Brasil em 2026 entra cada vez mais no radar de investidores na bolsa paulista.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 2,4%, a 158.577,88 pontos, fechando na mínima do dia, após marcar 162.481,74 na máxima. A queda ocorre após quatro altas seguidas. No ano, o Ibovespa ainda sobe mais de 30%. O volume financeiro no pregão somou R$31,6 bilhões.
Antes da abertura da B3, o BC divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual afirmou que a condução cautelosa da política monetária tem contribuído para ganhos desinflacionários, mas reafirmou o firme compromisso com o mandato da instituição de levar a inflação à meta de 3%.
O documento é referente à decisão da semana passada, quando a Selic foi mantida em 15% ao ano, maior nível em quase 20 anos.
Economistas não chegaram a um consenso sobre a sinalização da autoridade monetária, com vários mantendo a previsão de corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros em janeiro e outros avaliando que o BC “elevou a barra” para uma redução em janeiro ou mantendo o prognóstico de corte apenas em março.
Para sócio e advisor da Blue3 Investimentos Willian Queiroz, parte do movimento negativo na bolsa está relacionada a uma correção daqueles que apostavam em um corte da Selic em janeiro e podem ter mudado de posição após a ata. Após a ata, ele avalia que a probabilidade de 2026 começar sem corte de juros é grande.
Nos EUA, por sua vez, o Departamento do Trabalho divulgou que a economia norte-americana abriu 64 mil postos de trabalho fora do setor agrícola em novembro, ante previsão de criação de 50 mil vagas, enquanto a taxa de desemprego ficou em 4,6%, acima da estimativa de 4,4% em pesquisa da Reuters.
“Em meio a um nível elevado de ruído, o sinal geral do mercado de trabalho permanece misto”, afirmaram os economistas do BTG Pactual, acrescentando que a criação de empregos no setor privado continua a mostrar certa resiliência, mas o aumento da taxa de desemprego merece monitoramento atento.
“Se a alta recente do desemprego se mostrar temporária, impulsionada pela normalização das demissões temporárias, os dados continuam compatíveis com a manutenção da taxa de juros”, escreveram Luiza Paparounios e Francisco Lopes em relatório enviado a clientes nesta terça-feira.
“No entanto, se o desemprego se estabilizar em torno de 4,6% juntamente com um aumento das demissões permanentes, podem surgir discussões sobre a retomada do ciclo de afrouxamento monetário do Fed já no primeiro semestre de 2026”, ponderaram, referindo-se ao Federal Reserve, banco central norte-americano.
O segundo pregão da semana ainda teve como pano de fundo pesquisa Genial/Quaest que mostrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva com 41% das intenções de voto em um cenário de primeiro turno, seguido do senador e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PL), com 23%, e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 10%.
“O ponto principal é que Flávio estava melhor que o Tarcísio na pesquisa. A candidatura ganha força”, disse o economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano. O atual governador de São Paulo era apontado como o favorito do mercado na disputa presidencial.

