Para a Enap, os últimos 10 anos provocaram mais mudanças no nosso estilo de vida que os 50 anos anteriores. O avanço tecnológico foi, sem dúvida, o principal motor para essa transformação, mas não o único.
Vivenciamos um movimento migratório como nunca visto antes. Alterações climáticas são mais fortemente percebidas e, também, novos comportamentos de consumo, uma conectividade massiva, enfim, mudanças de comportamento.
Basta parar e listar serviços, tecnologias ou aplicativos que são frequentes e até imprescindíveis à sua rotina pessoal, e em seguida pesquisar o ano em que foram lançados. Se você considerar um intervalo de 10, 15 anos, provavelmente ficará evidente, no seu dia a dia, os impactos decorrentes dos avanços da ciência, tecnologia e comportamento. É, portanto, nesse contexto altamente dinâmico que surgem grandes desafios aos governos.
Vemos que nos últimos anos, os governos tiveram que se adaptar às mudanças, que vão do campo tecnológico até as necessidades da população – que também mudam. Críticas frequentes ao modo burocrático da administração pública apontam déficit de desempenho e baixa qualidade na prestação dos serviços públicos.
E como responder aos anseios em relação aos serviços governamentais com mais qualidade, controle, transparência e governança? Como impulsionar a produtividade e o crescimento? Como estimular uma força de trabalho resiliente para o futuro? Como associar o desenvolvimento econômico com os anseios por igualdade e sustentabilidade?
Os governos têm procurado reagir, investindo no desenvolvimento de capacidades institucionais para inovação e transformação digital, reconhecendo a insuficiência das soluções tradicionais para resolver problemas complexos que afetam a vida dos cidadãos e elevam o custo de transação das interações do setor produtivo com as instituições governamentais.
Para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a inovação deveria estar no centro da reinvenção do estado moderno e da modernização da gestão pública, especialmente em tempos de austeridade fiscal e restrições orçamentárias.
A seguir, algumas ações que os governos vêm tomando para fomentar a inovação: investindo em ciência, tecnologia e inovação, por exemplo, em pesquisa básica e aplicada, criando as condições para o mercado inovar e gerando as grandes fontes de inovação; utilizando seu poder de compra para estimular novas tecnologias e produtos, incorporando valores e princípios, tais como a sustentabilidade; desenvolvendo soluções institucionais que objetivem ambiente de negócios mais ágil, transparente e eficiente; repensando os serviços públicos e como podemos torná-los mais simples, eficientes e rápidos; induzindo a criação de unidades de empatia e experimentação, os laboratórios de inovação, voltados aos processos de inovação; disponibilizando seus dados e informações para a sociedade, apoiando políticas nacionais de dados abertos; e fomentando uma cultura de inovação.
Enfim, conhecimento impulsiona inovação, inovação impulsiona a produtividade, isto impulsiona o crescimento e impulsiona os padrões de vida. É por meio da inovação que os governos e as empresas encontram maneiras de gerar mais valor a partir dos recursos existentes. Como resultado, a inovação é, direta ou indiretamente, o principal fator de crescimento da produtividade, e é a principal fonte de prosperidade nacional.
Augusto Bernardo Cecílio é professor e auditor fiscal