O que vem a ser o perdão? Como alcançar o perdão? Quais suas implicações? Todas estas questões fazem parte das indagações existenciais. No processo evolutivo perdoar sempre foi objeto de estudo no que tange à dificuldade e benefícios em praticá-lo. O perdão se liga à idéia de desapego gradual e linear frente ao fato e a identificação do autor da dor emocional experimentada, sendo admitido como uma renúncia ao processo de vingança trazendo em sua essência um ato de coragem libertadora através da misericórdia, aceitação da limitação do outro através da reestruturação do “Eu” criando, desta forma, um espaço cognitivo de reconciliação interior.
Perdoar é um processo difícil, lento e gradual onde o ofendido decide interromper o ciclo da vingança não exatamente apagando da memória os atos ofensivos que causam a dor, mas, sobretudo com uma atitude de coragem interna para deixar de lado o rancor, mente aberta para analisar o ato de forma objetiva e empática sob todos os ângulos, e, persistência para poder concluir o caminho desafiador e libertador do ato do perdão.
Entretanto, uma das maiores dificuldades neste processo é o ressentimento, onde o passado é remoído frequentemente, ocasionando, invariavelmente, um mal estar psíquico reiterado. Tal atitude comportamental é extremamente danosa transformando, invariavelmente, o ressentimento em amargura, até mesmo chegando em processos depressivos.
O caminho do perdão é facilitado quando permitimos o florescer da misericórdia e da bondade em nosso interior sendo necessária a sinceridade consigo mesmo, a reflexão pormenorizada sobre o que sente sobre o autor da ofensa, identificando, entre outras questões, se estamos diante de inveja, culpa, ódio permitindo uma compreensão mais apurada através da identificação dos mesmos e o detalhamento de como efetivamente nos sentimos frente a eles.
Um olhar detalhista permite visualizar como tais sentimentos ou ressentimentos trazem tortura emocional e impactos essenciais na saúde mental e a necessidade de substituir os sentimentos de apego às emoções negativas relacionadas à ofensa por sentimentos de empatia e compreensão da perspectiva do agressor e ainda a avaliação no sentido de visualizar se nossas reações emocionais não estão impactando mais negativamente do que o próprio ato do agressor.
Quanto melhores forem as razões para o perdão melhor nos sentimos pois há neste processo uma libertação dos sentimentos destrutivos os substituindo por sentimentos altruístas que refletirão em uma vida mais plena, mais feliz, mais leve e harmônica , permitindo, desta forma, a criação de um novo ciclo de vida, com a efetiva busca de felicidade sem os empecilhos dos sentimentos negativos inerentes a falta do perdão, daí afirmar categoricamente que, a virtude do exercício permanente do perdão é eficazmente libertadora e criadora de um modelo funcional de vida emocionalmente saudável.